quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Antiterapia






I

Algum dia
Eu estarei sozinho
Sozinho no escuro
 no escuro do silencio
Eu estarei sem remédios
Ou comprimidos
Em uma velha poltrona
vendo as pipas planarem
como nos grandes torneios

II

Vivemos no outro lado da montanha
Nossa vida foi entregue ao fogo
Ouvindo o silencio das nuvens passando
E os portões de vento,abertos em sono

Esperai pela próxima cadente
E faça um desejo
Pelos céus e correntes
Em meu escaler eu velejo

III

Vivíamos no outro lado da colina
Para não viver jamais
Como um garoto no banco de trás
Olhando pra trás

Hamilton Guilherme

domingo, 28 de outubro de 2012

Parasita de destinos




Novamente estou de pé ao monte sul do Inferno
Vendo o movimento ir se acabando
As almas indo e voltando
Em um circulo de dor infernal

Eu procuro me conter para não esmaga-lo

O sol se pôs vermelho hoje
E o medo párea ao meu lado
Como um labirinto sem saídas
Quando você menos espera
Você morre
Não há escapatória
E o teu delírio te sufoca
Então você morre milhões de vezes por dentro

Sou um parasita de lugares
De sonhos e de destinos
Vago por esses territórios em busca deles
De pessoas e de um prato de ilusões para viver
Vou ao  Paraíso  para torturar os mais belos anjos
Desço ao Inferno para massacrar as mais belas bestas
E a escuridão da noite me diz que hoje eu vou morrer
Vou morrer milhões de vezes por dentro.

Alan Lacerda

sábado, 27 de outubro de 2012

A Face da Terra




Por estes dias
No silencio das grandes bandas
Por estas vias
No limite das torres brancas

Por estes dias
Lamentando no limiar
Por estes dias
É onde eu quero estar

Nós somos contra e a favor
De uma só vez
Nós somos o amor para todos
Subtraído por três
Nós somos a pintura na parede
Que se liquefez

E quantas tristezas
Estas ruas me trazem
E quantos relógios de mim
Sutilmente se desfazem

Vou deixar o luar me levar
E a ventania tocar
Os meus cabelos cor de ouro velho
Ao passar dos cavalos de prata
E suas ferraduras aladas
Caminho aéreo

Hamilton Guilherme

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O Álamo Imortal




Eu via o fogo morrer
Nas cinzas do silencio
Eu era o predador e a vitima
Em um alfinete de horas
Ou num túmulo vespertino
Eu buscava abrigo nas esquinas

Como uma velha ilusão
Que o carteiro traz todo dia
De escapar são e salvo
Desta morte chamada vida

Estes sonhos cruéis não me machucam
O álamo imortal vem algum dia
Na voz de um quadro escuro
Algum dia, em breve;
Para tornar ermo
O nosso vazio cuprum

Hamilton Guilherme

domingo, 21 de outubro de 2012

Ludovico








Terror imaginário
Sinfonia nanquim
Em qualquer lugar
Crescendo de forma decrescente
Sobre as nervuras de hoje
Sobre a luz de olhos fechados
Dos exércitos e presidentes

Em qualquer estação
Em um exercito de gelo
Dolorosamente cego
Pelo meu próprio veneno

Lágrimas dissimuladas
De uma arma quente
Um grande leito
E uma longa nascente

Em qualquer paisagem
Com um rancor qualquer
Inexistência enquanto
Os navios naufragam
Enquanto estou a deriva
Num oceano qualquer

Hamilton Guilherme

H



Não o conheço
Não vejo tua face
Não sei quem tu é
Mas sei que é um grande amigo

Ele viaja pelo caminho das sombras
Mas sabe dar a luz ao subconsciente
Com toda a alucinação que dispõe
Inverte meus pensamentos em raios fluorescente

Fiquei louco pelas perdas que fizemos e hoje
Estou a dez colinas de distância
Estou comigo mesmo
Cansado de ser aquele miserável
Vim parar por essas terras
Mas sei que em alguma vida deixei o meu melhor amigo ir embora
Voltando para aquele passado tão distante
Vejo que várias pedras ainda estão remontadas
Pessoas
Os lugares
Cada passo que demos está ali
Uma vida inteira que eu tinha me esquecido
Ele correu atrás de mim
Estamos lutando lado a lado novamente
Um grande rei volta a sua origem
Uma guerra que planejamos a vida inteira
Contra nós mesmo, guerreamos contra nossas ilusões

Acabou em cinzas o Castelo
Morte submissa a um pouco de juízo
Os cavaleiros da terra estão a caminho
Oh Hamilton o seu sangue é fruto do meu sangue
Então vamos partir
Em direção a terra prometida
E dar ar ao tempo
Guerrear contra os traidores
E roubar novamente um pouco de pensamento
Escute, uma multidão de mortos
Eles gritão ao nosso redor
Vida longa aos reis
Não o conheço
Não lembro tua face
Não sei quem tu é
Mas sei que continua sendo um grande amigo
Vida longa aos reis

Alan Lacerda

Escuridão ao norte




Na escuridão o vento sussurra calmamente
Congelando  todas as minhas dores
O lobo faminto sabe por onde caminhar
Amaldiçoado pelo Diabo
Está a tua procura
Está atrás de ti

Quanto queres por tua alma?
O Diabo repetiu  impiedosamente
Eu preciso de tua alma

Este sangue que sai de tua cabeça
É o mais doce corte profundo
Não tema depois do pântano de Hades
Tudo que está em si
É fruto de tua imaginação
Então caminhe, siga em frente
Você está livre agora
Criou as asas e pode morrer
Se afogue lentamente
Você vai erguer as mãos para que eu puxe
E com um sorriso estampado virarei
E nunca mais me lembrarei de ti

Este sangue que sai de tua cabeça
Me faz  ir além, faz te querer
Torturando as almas ao norte do inferno
Eu monto os planos
Organizo os cavaleiros
E eu lhe puxo para baixo
E você não sairá desse abismo infernal

Este sangue que sai de tua cabeça
Alimenta meu ego
Trás o amanhecer do meu Reino
Quanto queres por tua alma?
Quantas são as almas que queres ceifar?
Que desejo quer?
Eu posso lhe dar tudo
Apenas venda-me.
 
Alan Lacerda

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Pupila








Viagem vagarosa
De passos pesados
Ritmo de pulso
Cada vez mais rápido
Cada vez mais lento

O mar sinfônico
Soa tão íngreme
Devora minha luz faminta
Veste-me num místico vinte

Grimorios antigos
A salvos em casa
A olhar os cães em abandono
Em viagem visual
Chegando a capital
Envolvido pelo sono

Levado por um tigre alado
E pelos meus dedos em chamas
Inebriado pela grama
assimetrias planas

Hamilton Guilherme

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Limite dos Dezenove








Limite dos dezenove
As paredes tremem
Ninguém muda o passado
Limite dos dezenove
Eu abraço o lado esquerdo
E os anjos estão fumando
Ao meu lado

Fujo de tudo aquilo
Que não quero encarar
Círculos giram por si só
E tudo tende ao escuro

Riqueza,felicidade
E um barril de sangue vazio
Procurando o que nunca ira encontrar
A luz no final do túnel
Possui curto tempo de vida
E tudo tende ao escuro

Esquizofrenia
Eu poderia parar o futuro
Esquizofrenia
Longe demais para escalar os muros

Por mais que eu tente ser
Aquele que nunca vou ser
Eu sempre serei
Desproporcional

Hamilton Guilherme

sábado, 13 de outubro de 2012

Longa Uivante Estrada









Eu olhava para os dias seguintes,
Mas não conhecia as estradas,
Pendurado nas estrelas,
Eu menti sobre cada historia que contei;
Em volta da fogueira,
Tem sido uma longa estada.

E a bruxa veio me assombrar,
Puxou os meus pés
sujos de cera,
Dizendo que não vai
me deixar em paz,
Até que eu me torne
aquela pequena estrela,
Pequena o bastante
Para brilhar diante dos dragões.

Buscando pelo que correr ou lutar,
Estou eu aqui,de volta aos meus pés,
Cavalgando em tornados,
Preenchidos pelo nada,
Mergulhando num oceano de espadas,
Amargurando-me através.

Vômito infernal,
Pulo para meu consciente e existo
Imploro por um pecado em vão,
Não ouço mais os céus,
Não piso mais nele também;
Então uma serpente,
Parte do nada para me beijar,
Tolo, não saia dai,
Fique onde estás e veja o dia clarear;
Olhei para trás e vi a anciã,
Dormindo nos braços da princesa.

Como a nova roupa do imperador,
Eu me escondo num muro de vidro,
Enquanto eu sou devorado por gafanhotos;
Enquanto o sol não vem,
Eu faço de mim,castelos de papel,
Em fantasias de outros.


Hamilton Guilherme e Alan Lacerda