sábado, 28 de julho de 2012

Anjos do Sul

Viemos te libertar,
Somos os anjos do sul,
Viemos te libertar,
E todo este mal acabará.

Viemos te libertar do peso das trevas,
E das fobias que o acorrentam,
Paramos de ouvi-lo crescer,
E subornar os monstros que o atormentam.

Somos o que tu não podes ver,
Ao sentir nossas asas,
Tuas papilas arderiam em brasa,
O caminho é deserto e doloroso,
Mas estamos aqui guardando o teu cair.

Além do que os teus olhos podem alcançar,
Os caminhos ficam cada vez mais bifurcados,
As tuas pegadas foram apagadas,
Ninguém além de você mesmo,
Ao seu lado.

Se não conseguir viajar entre as águas,
Verás que tenho sonhar não é real,
E toda a magia de seguir em linha,
Se perde no tempo,serás fraco;
A besta que só sabe olhar para trás,
Que dobrarás de joelho feito um patético,
Abra tua liberdade.

Viemos pra te levar pra longe,
Onde vivem os anjos do sul,
A gravidade é mais leve,
Do que esta solidão azul.

Hamilton Guilherme e Alan Lacerda

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Leão esfumaçado

Às vezes agüento firme
Às vezes eu caio
Às vezes eu perco o destino
Às vezes desmaio

Eu posso entrar para o bando?
Eu poderia esperar, mas sou muito ansioso
Não pareço saber lidar com a solidão
O que foi deixado diante da minha porta
Era muito, mas me parecia pouco

O Inverno trouxe uma tempestade de raios
E com ela uma importuna nevasca
Os outros se perderam em minha mente
Talvez se nós trocássemos de lugar
Na vidência de um céu
Tudo se troca,nada por nada

Espelhos me mostram
Alguém que eu não conheço
O paraíso a seis pés de profundidade
O dano está feito,não há conserto

Vejam quantos inocentes
A vida matou hoje
Perdidamente perturbada
Procurei tantos disfarces
Nenhum me vestia bem
Os estranhos na rua
Desfiguram suas mentes
Dissecam suas almas

Hoje é o dia das glórias exaustas
E eu não sei o que eu faço aqui
Andando e andando na minha idade cansada
Sinais avisam: proibido dormir

O que é dito ao passado
Altera o futuro
As esperanças fogem para dentro
De todo o desespero
O vidente se torna um faquir

Hamilton Guilherme

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Jogando abaixo


Um verme que sapateia em sua própria mente
Sempre fez parte dele, usar, manchar e manipular.
Não pude enxergar diante de seus olhos
A incompaixão  que sentia aos semelhantes
O santo que carregava um tridente.
Pseudo, amigo, Nojento.

Mas eu sempre soube, que neste teu sorriso
Havia um toque mágico de desprezo
Eu desconfiava de suas mais sinceras palavras
Teus conselhos
Eu desconfiava.

Sabe, quando tem alguma coisa em você te incomodando?
Mas você não sabe exatamente  o que e?
É quando teu cérebro formiga, e resta apenas o ódio em tuas veias.

Pra onde ira agora?
Que os laços foram apedrejados
Agora que ossos esmagados, espatifaram-se ao chão
Agora que o Diabo veio buscar tua alma.
E tudo que esta em si neste momento
É apenas um sonho
Sonho este que irá te dominar
Que vai te machucar
Os passos calmos que deu a mim
Tornaram-se facas
As mesmas que irão te matar.


Fui apunhalado pelas costas
Fui traído por uma alma impiedosa
O que foi?
Ele me pergunta com um tom de sarcasmo.
Disse algo de errado?
Apenas me viro  em direção ao inferno
E tento não deixar o sangue correr em minhas mãos
Tento esquecer em minha mente.
Deixo cair abaixo  

Alan Lacerda

sábado, 21 de julho de 2012

Quarto Sem Saída


Ouça o olfato dos meus sonhos
Sinta-o com o seu paladar
Há uma banda dissonante
Tocando os meus tímpanos
Quase aterrissando,quase a voar

Dano cerebral, desfragmentado pelo desejo
Mergulhando com os crocodilos
Os peixes fluem por entre o cinturão de órion
Elefantes de prata voam pelos ares
Pássaros de virgulas correm
Para dentro das crases

Noventa e nove balões flutuam
Junto com as minhas alucinações
Pudera eu flechar o arqueiro
Percebo a velhice das minhas mãos
Raios fora de sincronia
Há quem diga que as montanhas
São gigantes adormecidos
Derrubados pelo timbrar dos trovões

Fugindo para uma cidade distante,no interior
A procura do coelho branco
Já não lembro se estou acordado
Ou se estou dormindo
Mergulhando em um sonho
Em um estado de vertigem
Nada é real o bastante
para que se possa alcançar
eu ainda nem nasci
estaria eu flutuando
estaria eu caindo

Hamilton Guilherme

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Réquiem




Sombra profunda
Envolta em melancolia
Oceano soturno
De águas rasas e sombrias

Dê-me anestesia
Dê-me convulsão
Dê-me terremoto
Dê-me ilusão

Não es o único em solitude
Numa metrópole durante a madrugada
Não es o único caminhando
Em um mundo alternativo
Em busca de tudo
Em busca do nada

Atirei uma pedra
No poço dos desejos
Desejei que apagasse
Toda a minha existência
Desejei enxergar tudo
Como um todo

As pessoas transitam
Entre o vácuo e a eloquência
Eu esbarro nelas todos os dias
Almas à venda
Ardem em agonia

Meu nome é ninguém
Ao sair, não feches a porta
O caos se alastra
Do lado de fora

Corri para dentro do meu quarto
Irei saborear algumas gotas de isolamento

Hamilton Guilherme

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Dédalo



Siga-me Ícaro,
Voaremos até a lua,
Onde os incrédulos crêem;
Siga-me Ícaro,
Eu não acredito,
No que os olhos vêem.

O meu pesadelo é uma queda livre,
Arraste-me lentamente para a inconsciência,
Dilua-se,torne-se apenas alma,
Dissolva-se,sublime toda a sua essência.

Vim de longe,com os pés descalços,
Do tudo,do nada e do desespero,
Árvores da sorte,emergem no granito,
Linhas venosas de ácido cianeto.

Olhei para o reverso,
À procura de uma face,
Velhas portas a fora,
Uma fina tempestade,
Inunda os meus pensamentos,
Me levam embora.

Siga-me Ìcaro,
Voaremos para longe,esta noite,
Esqueça o mundo por trás daquela janela,
Há um oásis a cada mil anos de escassez,
Estamos corroídos pelo sofrer,
A luz no fim do túnel nos espera.

Hamilton Guilherme

domingo, 15 de julho de 2012

O Espírito da Escada


Toque o meu rosto
Não me olhe nos olhos
Não é assim que eu me vejo

Fora da minha própria terra
Mal percebo a musica que ouço
Deixe-me ouvi-lo tocar a sua guitarra
Espero alguém que nunca irá chegar
Que talvez nem exista
Entre a meia noite
Como um pássaro rouco

Toda vez que caio para dormir
Meus sonhos são assustadores
Não existe “para sempre”
Diante de um espelho sujo
Se os fantasmas soubessem
Todos eles já sabem o bastante
A medida que os livros mentem

Alguma vez,ouve uma forma
De se voltar pra casa
Velhos caminhos conhecidos
 não me servem mais
apostei todas as fichas
a troco de nada

Cidades Fantasmas
Casas velhas em aluguel
Eu ponho a mão no pote de medicamentos
Estou entorpecido
A via-láctea,mais sonolenta
Como eu queria a liberdade daqueles versos

Vem ver a grande explosão
A procura de outras perspectivas
Tão determinado em enganar a morte
a procura da chamada escuridão
nada acabou ainda

Hamilton Guilherme

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Equinócio de Outubro


O mundo virou-se,
Para o lado da morte,
E eu estou junto,
Junto da mosca de neve;
Tudo que eu sempre quis,
Tudo que minha sombra mal quis,
E o que você sente,
Quando tua voz te chama;
Para visitar o surreal,
O sussurro que incomoda o sono,
O abismo abaixo de seus pés,
Feitiço, e você já está morto.

Oh sim,luz vermelha,
Seus olhos vazam sangue,
Oh sim monstro vermelho,
Traga-me em meus sonhos o medo,
Mas não toquem perto do lago negro.


Mudo,ouvindo o céu,
Este é meu fim,
Que me desafia a cada momento;
Flutuo em pleno universo,
Esqueça,tudo lá para trás,
E a Deusa lhe abençoará.

A Deusa está cobrindo o Deus.

A tortura dos raios queima,
Ela vibra em meu cérebro,
Eu não passo de uma poeira,
Que aqui parou;
Mas vou pra lá,
Viajar no teu arco-íris,
Buscar o segredo de Ísis,
Mas minha sombra,
Me puxou para baixo.

Feitiço,e você está morto.
 
Oh sim, luz vermelha,
Seus olhos vazam sangue,
Oh sim,monstro vermelho,
Traga-me em meus sonhos o medo,
Mas não toquem perto do lago negro.

Alan Lacerda

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Fantasmas no céu


Fantasmas no céu,
Voam a espera de nova vida morta,
estariam eles inseguros,
procurando pela sirene que os acorda?

E o meu sonho de acabar com todo o plano é irreal,
Sinto que vi um pássaro negro pelos dedos,
E nada como a dor para finalizar o meu sossego;
Estariam eles inseguros,
A procura de uma mão ajuda?

Nada mais é o bastante,
Eu não vejo nada além dos meus olhos,
Eles começam, onde nunca terminam,
Não há lugar,em lugar algum,
E os fantasmas no céu,
Roem as pesadas correntes,
Com seus dentes caninos.

O mistério da deusa mãe pelos céus,
Não é de se imaginar que a lua já vem ali,
Voltas, voltas, voltas e voltas,
Corroem o cérebro do cordeiro apático,
O que você suporta contigo é o medo do fracasso,
E os Fantasmas estão levando você para o Reino de baixo.

Hamilton Guilherme e Alan Lacerda

terça-feira, 10 de julho de 2012

10 de Julho



Os calendários mostram 10 de julho
A fortuna está sorridente
Como um estúpido garotinho sortudo
Eu estou quebrado
Quando eu for embora
Vocês podem me devolver tudo

Os relógios estão latejando em meus ouvidos
Eles não podem ver o que eu vejo
Perdi a conta de quantas vezes eu já morri
Tudo ao meu redor, possui o dobro do meu tamanho
Um olho visível, outro invisível
Ninguém pode ver o que eu vejo

Eu peguei um metrô para um mundo distante
Tudo é tão belo
Quando passa em extrema velocidade
Todos começam com um mau começo
E hoje é 10 de julho
Quando eu quero ir mais rápido
Os dias passam tão lentos

Meus irmãos e irmãs estão comemorando, la fora
E não importa qual deles salvou a pátria
Aqui vamos nos,outra vez
Vendo os navios partirem
E ainda é 10 de julho
Estou fugindo de fantasmas
Eu vou caminhando e sussurrando
Assistindo as sombras caírem



Hamilton Guilherme

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Homem Misterioso



Homem misterioso
vagando pelas avenidas
invisível sem a noite
estranho diante dos reflexos
diferente ao reconhecer
teus olhos,mais fundos
que a própria face
cada individuo parece
falso demais para você

tua pele esta pálida
como a tua melancolia
ela esta caindo por todos os lados
o monstro interior
parcialmente dormindo
ele traz a dor numa fração de dias
parece acordado demais para você
tua sombra é a tua única companhia

eu sei que você acorda
no meio da madrugada
assustado com tudo que virá
eu posso ver o sol por trás da sua mente
ela corre como um cavalo na noite
correndo pra longe,que dirá?

Ninguém nunca te vê
Ninguém te conhece
Como eu conheço
Estas palavras escritas
em tua parede
o que elas te dizem?
O que elas ensinam sobre desapego?

Você ainda se lamenta por atos falecidos
E como isso pode ser indelicado
Você so diz o que nunca dirá
Sob o rastro dos que nunca viveram
E carrega tantas feridas e arranhões
Conseqüências do passado

Linhas de sangue
Vermelho queimado
Abra as cortinas
E o seu tempo se foi
Eu não consigo mais respirar
Tem alguém na minha mente
Mas eu não o conheço
Se foram todos os cavalos domados
Correndo sob o sol
Se foi toda a sua lucidez
Inconscientemente ela se foi

Agora é somente você na chuva
Perdendo a fé em tudo o que acreditava
Tantos laços foram corrompidos
Ninguém mais ouve o que você fala

Hamilton Guilherme

E quando você acordar...


Pela força constante da gravidade
Eu subi para tua cabeça
E dela fiz a minha  eterna prisioneira
Sem algemas.
E os sonhos se quebraram em meio ao vulto
A chuva não conteve o sol do meio dia
Mas eu estive lá, sempre lá, no teu apavoro.

Só por mais algum tempo
Eu andei pelo deserto de pensamentos
E percebi que nós
Somos apenas  cinzas do Diabo
O vento é congelante
O tempo é sufocante
E a chuva do Meio dia passou
Ela passou
despercebida por todos
Seus medos ainda continuaram ai
Em tua frente, suas lágrimas, seu ódio
Saberás como é beber o sangue salgado.
E quando você despertar será tarde demais.

As trevas estão vindo
Da mais sombria escuridão
A imagem pode até relatar que ele matou um dragão
Mas a chama ainda vive em cada um de nós.
E quando você despertar será tarde demais.

Alan Lacerda

terça-feira, 3 de julho de 2012

Exílio




Andando livre,na minha vida enfadada
Nesta metrópole de rostos desfigurados
É triste o sorriso que eles carregam
E eu penso em tudo que me desgastou
começo a sussurrar em minha mente
como uma velha canção no rádio

E eu estou partindo para o outro lado da Metrópole
Para onde eu me acostume com as ilusões
Vou sozinho.
Não. Pare, não venha atrás do crápula
Conforme eu senti os medos
Você é fraco para sentir o lado negro

Fujo para longe, para olhar pra dentro de mim
Fujo para longe,para ver quem você é
Não siga as minhas pegadas
No outro lado da metrópole,
onde monstros devoram outros monstros
 os cronômetros do tempo perdido
ainda estão de pé

Hamilton Guilherme e Alan Lacerda

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Sei que nada foi real




Não me lembro ao certo
Quanto tempo dormi
Os crimes que cometi
Os falsos
Os calados
Os pensamentos
Demasiados.

Para longe se vai a pequena nuvem
Ela me da um sinal de rancor
Aquele momento em que ela vai partir
É desgastante olhar para trás
A lua mais parece um cristal
Que em meus pensamentos contorcidos
Desfia em partes... por partes. solitária

E na escuridão com o vento
Me dizendo que a vida é uma perca de tempo
E na escuridão com o vento
Me dizendo que a vida é uma perca de tempo

Não sei ao certo
Como vim parar por aqui
Um jogo de erros
Onde você sempre será o perdedor
Meus braços cheios de furos
Não é difícil de imaginar
Ondas carnívoras
Ah um passo da morte
É melhor não olhar para os lados
Apenas feche os olhos para flutuar.

O guerreiro das sete espadas
Viaja pelo mundo sem que ninguém o veja
Voltando do espaço relembro os passos que fiz
Os mesmos lugares que percorri
E encontro com meu medo
Encontro nos sonhos delirantes
Que nada foi feito em mim
Sei que nada foi real
Foi a lua negra de Cristal
Foi as mais perdidas almas do tempo.
Em pó, raios atravessam meu cérebro
E eu me ensanguento.

Alan Lacerda