quarta-feira, 24 de julho de 2013

Linhas

Linhas sem rumo
Contornam a cidade
Linhas se perdem
Da realidade

Linhas sem prumo
Cortam a idade
Linhas são farpas
De insanidade

Linhas nos seguem
Por um momento
Linhas constroem
Emaranhamentos

Linhas procuram
Poucas respostas
Linhas repousam
Em veias tortas

Linhas são livres
Em dias bentos
Linhas são restos
De pensamento


Hamilton Guilherme

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A casa de muitas portas




I - Porta de Entrada

Futuro distante
Celebraremos;
Somos ingênuos
Por um momento;
Um largo cálice
De breve desgaste;
Por um momento
Desatento

II – Porta Escura

Pequeno desejo
Tolo, inocente;
Foge por entre
Ruas e estradas
Vive por entre
Valetes e espadas
Esconde-se dentro
De mentes caladas



III – Porta Larga

Vim ver os lobos
E a canção dos loucos
Cantando, sem medo;
Ao redor do fogo
Esquecendo
O morrer;
Esquecendo
O viver;
Revivendo
Pouco a pouco

IV  – Porta para um quartinho qualquer

Sem hora pra viver
Sem hora pra acordar
Sonhos aturdidos;
A me embalar
Ainda me lembro
Dos céus rosados
Que me faziam chorar

V – Porta Voraz

Indo embora
Para outra hora;
Não há mais
O que fazer aqui
Anos em branco
Deixados pra trás;
Leve-me embora
Quando a noite cair


VI- Porta de Emergência

Saia por esta
Não entre jamais
Mude os canais
Rasgue os jornais
Perdoe, sem mais
É tarde demais



VII – Porta de Saída

Vou-me depressa
Em boa hora
Numa chuva breve
No mês de outubro;
Trilhos nos levam
Caminhos se cruzam;
Chegando a cidade
Chegando a idade

Hamilton Guilherme

terça-feira, 9 de julho de 2013

Automutilação






Não há ninguém nesta casa, estou sozinha por dias
E tudo isso me trás coisas ruins.
Tudo que se passa pela minha cabeça
Parece ser de tamanha realidade que me sufoca.
E então eu lembro que hoje é dia de me torturar.

Nada que eu me orgulhe
Envergonha-me a verdade
É um ciclo vicioso de derramamento de sangue
E na hora em que eu choro,
O sol se torna confuso sob meus olhos.

Todos os dias passo pelo mesmo vagão da morte
Com o mesmo desejo em mente, de ir e nunca voltar.
Todas as vezes que tento ir, alguém me puxa novamente.
É por este motivo que  estou acorrentada pelo Diabo.

Talvez um dia você possa entender
A minha dor de ser incapaz.
Nada que vá além dos sonhos mais bizarros
Dos meus braços que estão estendidos e já mutilados.

[... pausa...] E um respiro profundo cortou o ar.

E você? O que fazia quando a chuva caia?
Quando o sol se escondeu atrás das nuvens pálidas?
Não quero que se contamine com a escória
De levar contigo o desejo de morte e piedade
Eu consigo reparar sozinha minha sombra
E encontrar um foco de luz em meia a tempestade.

O que é mais irreal?
Um quarto escuro e cheio de tentações,
Ou o meu rosto diante de um espelho todo deformado?
Não pense, você pode ir longe demais e chegar a loucura.

Pense apenas que eu sou seu sonho
E que eu sou irreal
Com isso não vai dar tempo de você respirar
E espalhar minhas tristezas, não sobrará tempo suficiente
Para inspirar as aberrações.

Alan Lacerda

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Outra Chuva







Uma outra chuva

Cai lentamente

Sobre nossas

Faces lavadas;

Sobre nossas

Bocas cansadas;

Uma outra chuva

Nos leva embora

Não deixa nada



Horas curtas

Nunca passam

Equinócio

Logo vem;

Outra fatura

Está atrasada;

Uma outra chuva

De mal,de bem


Hamilton Guilherme

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Dia Qualquer








Deixa entrar
Pela janela;
Vem aqui
Não volta mais;
Apanhe os pomos
Que caem das árvores
Leve-os embora
Deixe os jornais


Olhos velhos
Quase abertos;
Retrato leve
Quase azul;
Espero aqui
Gastando mentes;
Engolido sonhos;
Indo ao sul

O insensato
Arcano zero
Perdeu-se na saída;
Guardei um pouco
Um pouco de tudo
Para voltar
Um outro dia


Hamilton Guilherme