segunda-feira, 25 de março de 2013

Brumas




Noite presente, de ruas passadas

Eu admiro a constelação desejada

Tenho em mim,poucas palavras

Pedaços de uma velha

conversa imaginaria



Olhando para fora

Tentando ir embora

Procurando alivio

em perdidas horas



O Arqueiro teme a noite

Correndo através do fogo

Enquanto os mundos se colidem

Eu caio nas sombras de outro



Espera que o escuro já vem

Os céus se tornam lilás

Eu bebi todo o licor

A última lagrima cai



Venha e fale comigo

Pois já estou fadigado

De ouvir o rosnar das máquinas

O ruído das bocas vazias

Venha e segure a minha mão



A escuridão se cala

Em meio aqueles

que nascem e morrem

Em meio ao tráfego das cidades

Como o fogo que arde

De dentro pra fora

Como a sirene que se vai

Ao longe



Orvalho que corre

Por entre a madrugada

Tu conheces os meus ossos quebrados

E o imperador que nunca se cala

O destino nunca esteve aqui

Esperando por alguém

O que não era,e o que tinha de ser

O destino corre com horas erradas


Hamilton Guilherme

domingo, 24 de março de 2013

Um velho estado da mente






Estou indo para não mais voltar,
Estou voltando por um pouco mais,
Eu me farei crer,
Que cada dor é irreal,
Que viverei para não morrer jamais.

E nesse dia tão nublado,
Quero deitar o meu cansaço,
Sobre essas rosas,
Lindas e venenosas;
Quero fazer-me crer,
Que os olhos foram embora,
Eu tenho bastante tempo,
Até o sol dizer adeus.

Eu estive preso em minha memória,
Por todas estas gárgulas,
Que pairavam sobre mim;
Por entre sabores do purgatório,
Correndo com um cavalo de sangue puro,
Procurando o início, esquecendo o fim.

Nada, além disso, esteve tão quente,
Era esse sabor que eu queria sentir,do sangue,
Tudo era apenas um sonho;
Eu me perdi sobre tuas mãos que se abriram,
Eu sorri quando tuas pernas se juntaram,
Eu te virei as costas, por você ser fracassado.

Voe, e esqueça que viu o meu rosto,
Afinal, somos apenas pesados besouros,
Eu pensei estar livre,
Dos leões que me afrontam;
Eu sou mais um na multidão,
Carregando um coração absorto.

Hamilton Guilherme e Alan Lacerda

segunda-feira, 18 de março de 2013

Os Antigos





Observando o ciclo da lua,
E os deslocamentos planetários,
Eu quero chamar quem está no infinito
Onde o vazio é a luz mais escura.

Em eras primitivas
De onde o homem iria nascer
Os antigos aqui desceram
Vieram do norte do espaço
E caminharam sobre esse chão quente e seco
Onde tudo era apenas pó.

Como parasitas, começaram a deixar descendentes.
Suas mãos congeladas abriram caminhos nesse clarão
Como o fogo do inferno, que dilata sua pele.
E tudo aquilo que os Deuses desconheciam, eles amaldiçoaram.

As criaturas que aqui ficaram
Revoltaram-se contra o seus deuses
E logo eles viram que tudo aquilo era uma fantasia divina
E os mandaram para um lugar frio e sombrio.

As nuvens penetravam sobre suas cabeças
Fazendo com que seus filhos sofressem sobre eras
Rituais eram feitos em seus nomes
Costelas, mandíbulas e crânios eram colocados nos pilares
Não ousa chamar, oh homem, sem fazer o signo
Não ousa a querer a escuridão sem saber controlar o seu véu
Não queira o desconhecido se for incapaz
Ou ela perfurará seu coração maldito.

Todo esse nó preso em meu cérebro está desatando
E mais uma vez estou partindo para essas mentes insanas.


A cada por do sol, nasce a Rainha negra
Os antigos estão escondidos sobre o seu ventre
Que de tempos em tempos observam a raça humana
Com ódio e desprezo
Para que um dia
Estejam preparados para penetrar suas almas.

Alan Lacerda

domingo, 17 de março de 2013

Noite Antiga









Noite antiga,velha neblina

e eu fecho estes meus olhos escuros

eu naufrago em azul da Prússia

suavemente fumê

olhando para o nada

suavemente buscando

o destino como uma estrada

como uma rotação em desuso





Noite antiga

Tomou-me em seus braços

E eu fecho estes olhos,escuros de mim

Eu vejo a neblina

Sob a tua alma entreaberta

Juventude a céu aberto

Cada dia é o mesmo para mim





Eu tentei trapacear a minha mente

Eu tentei iludir os meus olhos

Eu tentei ser um deserto ártico

Eu tentei silenciar os abrolhos





Olhai os espíritos da noite

Como um zéfiro hostil,errante

Eles andam pela metrópole

E pelo trafego das ruas

Sem rumo,equestre andante





Olhai o vagão que passa

E o trem que nunca vem

Há um corvo em minha mente

A voar sobre a mais fria paisagem

Olhai o vagão que nunca vem


Hamilton Guilherme

sexta-feira, 15 de março de 2013

Cidade dos Dias Passados









Passando pela cidade

Cidade dos dias passados

Onde eu tenho medo da felicidade

E dos meus próprios delírios

Eu caçoei dos hierofantes

não é um confronto

não é um exílio



Velho para viver

Jovem para morrer

Apertado num universo temporário

Nublado para ver

Pequeno para reter

Os loucos atores, em meu falso cenário.



E eu esqueci de esperar

Aqueles dias jogados fora

Ouvi do rádio, um sonho qualquer;

Uma utopia, mundos afora.



Leve-me para casa

Não importa se eu estou bem

Ou quem esta errado ou certo

Apenas leve-me para casa

E diga-me

Boa noite


Hamilton Guilherme

quinta-feira, 14 de março de 2013

Ruas de Sândalo









Por este caminho

Eu me perdi

Pelas ruas de sândalo

Onde o amor perdura

E os prédios suspiram

Onde o vento sopra as buganvílias

E as rosas selvagens

Invadem a minha memória



Por um leve segundo

Por um curto minuto

Poderíamos cessar balbúrdias



Talvez eu veleje entre os dias

E me perca por entre as horas

Talvez eu me torne trevas

Antes que eu veja o dia lá fora



A via-láctea cai sobre nossas cabeças

Os zéfiros sopram os meus cabelos pardos

Eu me perdi nos campos lavandas

Eu me perdi entre mares e barcos



Liberta-te do cárcere que te rende

Esta chovendo na lua,outra vez

Eu bebo as tuas lágrimas

Por entre caos e carnificina

E demônios no céu

Eu bebo minhas lágrimas

Meu escarlate torna-se oceano


Hamilton Guilherme

sábado, 9 de março de 2013

Voltando Cedo Para Casa





Voltando cedo para casa

Porque não tenho mais balas

Porque os coelhos fugiram

da minha espingarda

Sigo de volta,as minhas pegadas



Porque estou cansado de estar aqui

Eu passei pelos cigarros e bares

Pelas igrejas e postes

Um outro chora,um outro ri



Porque não sei esperar pelo tempo

Eu corri círculos e círculos

Eu me tornei tão veloz,tão lento



Porque estou velho em minhas vestes

Meus ossos cansados de novembro

Cansados do respirar que enfraquece



Porque estive em muitas gaiolas

Porque fui fadigado pelas gravuras

Que me consumavam sem demora



Voltando cedo para casa

Para dançar na chuva outra vez

Para cantar com a garganta da terra

Para iluminar a minha palidez



Para ver as crianças correndo

Para ver sorrir a lua minguante

Para ver a via-láctea

Sozinha

Crescendo


Hamilton Guilherme

quinta-feira, 7 de março de 2013

Heróis e Vilões



I



Distante oeste

Eu resguardo minha alma fria

Pessoas correm,pessoas morrem

Nas aléias do mundo,para onde eu iria



Olhai os trapaceiros

Heróis e vilões

Eles tem a maior fatia

De cada pequeno pedaço

Mas ainda tão pouco

Da maior minoria







II

Aqui vem as areias do tempo

dos salões de campos distantes

Onde a dama negra anoitece

Como frio em pleno verão

De nada eu poderia saber

Da guerra,da paz,do adormecer



Após a pagina que foi escrita

E os cardeais que se foram

Eu permaneço após a noite

Após as feridas que me atordoam



Venho pelos ladrilhos e usinas

Eu venho desde a longe linha

Desde que o céu caiu sobre nossas cabeças

Desde a criança que nunca nasceu

Os pássaros voavam sobre a igreja

E eu praguejava ao vento






Hamilton Guilherme

domingo, 3 de março de 2013

Longa Noite Sem Sono






A noite deve cair

E os meus rastros então, partir;

Os meus sentidos, adormecem

E eu perdôo cada trapaceiro

Meu suspiro, velho dezembro

Aqui então, os céus padecem



Eu avistei a gôndola celeste

E fui convidado a subir a bordo

Seu rastro, riscava as nuvens;

A me enaltecer, enquanto eu desacordo



Eu passei pelo caos das ruas

E pela lua que me inebria

Eu passei pelas catedrais

E sanatórios onde eu vivia



Eu passei pelas ruas de cetim

E pela melodia que se propaga

Pela minha irmã que nunca dorme

E pelo meu gêmeo que nunca fala



Noite, longa, noite

Longa noite sem sono

Noite, nublada noite

Meus montes de sombras

Abraçam o cinzento outono


Hamilton Guilherme