sexta-feira, 31 de maio de 2013

Ressaca






Em profunda utopia

Eu naufrago no meu

Oceano amargo

Na minha aura

Na minha voz

No meu

Coração ávido



Eu estava lá

Desde o inicio

Eu era jovem

E sinuoso

Eu beijei as rosas

E as auroras

Eu era inocente;

Taciturno



Aqui e agora

Sem relógios

Ou ampulhetas

Eu sou pálido;

E distante

Do limiar

Da minha

Consciência

Eu sou a poeira

Sobre os moveis

Eu sou puro

Eu sou sujo

Vou avante


Hamilton Guilherme

terça-feira, 28 de maio de 2013

Pluma







Estende tua alma

Sobre o infinito

Estende tuas asas

Estava escrito:

Nunca morrer

Um dia sequer;

Liberdade

Sempre tarda;

Inocência

Quase falha;

Um dia atrás

Um novo começo;

Uma outra vez;

Insanidade

Estou em casa


Hamilton Guilherme

domingo, 26 de maio de 2013

Natureza Morta






Perco o sabor

Num dia qualquer;

Todos os rostos

São os mesmos

Todos os loucos

Passaram primeiro

Desde o alvor

Eu anoiteço



Pessoas chegam

Pessoas saem

É tão sóbrio ás vezes

Na velha metrópole

Pessoas caem e caem

Como a chuva aguçada

E eu vivo por um dia,

Não penso na morte



Perco-me na ilusão

Do meu coração

De Demétrio

Em minha utopia;

Embriaguez;

Eu sobrevivo

E quase revivo

Em meu presente

Pretérito






Hamilton Guilherme

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A noite veio novamente








A noite veio novamente

Eu não lembro

Onde parei

Os monstros de pedra

Que criei

A noite veio novamente

Eu não  lembro

Porque falhei



Eu estive

Em cada canto

Eu esqueci

Dos meus dezessete

Eu estive

Sob o encanto

Voltando tarde

Filho do oeste



A noite veio novamente

Eu não lembro

Do dia de ontem

Da minha euforia

Que se esconde

A noite veio novamente

E eu não lembro

O meu nome


Hamilton Guilherme

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Avenida Sóbria







Por um pouco

De solidão;

Por um momento

De diversão;

Eu guardo nos olhos

Um sereno de mim;

Dê-me um copo

De veneno tardio;

Ninguém sabe

De onde vim

Para onde vou

Na avenida sóbria

De uma noite clara;

Nuvens passadas;

Eu me perdi



Nada em mim

Permanece;

Por mais

Que eu seja

Uma cidade

Em chamas

Ontem eu era

Amor amargo

Hoje eu sou

Uma velha flama



Conheci o corvo negro

Nas ruas de novembro

Ele sussurrou para mim:

- Algumas coisas não são

Do jeito que são;

Você irá desbotar em dias

Os arcanjos celestes

Em breve, cairão



Lá se foi

O corvo negro

Em meados de junho

Na idade da rua

Nenhuma palavra

A mais,a dizer

Ele está fumando, lá fora

Um pouco aturdido;

Seu olhar perdido

Em sua própria hora






Hamilton Guilherme

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Dia Curto







Cidade molhada
Pela água da chuva
Lágrimas escuras
Que caíram de mim
Amanhã tarda
Logo falha
E eu relembro
Palavras ao vento
As que eu disse ontem
Feroz nanquim

Nada sinto
Nada posso
A inocência
Nunca dura
Ventos rabiscam
Meus pensamentos
Doces, insanos;
Feroz ternura

Hamilton Guilherme

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Nascido Ontem





I



Eu carregava

Uma arma de prata

Desde o dia

Em que fugi de casa

Eu era escuro e sombrio

tinha tudo,quase nada

Eu possuía tudo

Que não precisava



Nobre Porcelana

Belo inverno,vem do norte

Eu sou um nobre forasteiro

Abandonado a própria sorte



II



Quando eu era mais jovem

E você mais velho

Tão pequeno para morrer

Éramos virgens de nossos vícios

Venha e me deixe viver





E eu ouvi toda a sua historia

Então eu disse: - Adeus,terra sangria

Dois pés descalços, numa mente vazia

Eu estarei perdido em qualquer lugar



III



Eis o inicio do inicio

Pequenos rabiscos

Meu Novo divino



Viver é um jogo

E estou perdendo

É uma desventura

E estou cedendo



Há um portão entreaberto

Esperando a nossa chegada

A dissipada bem-aventurança

Um espírito sob a escada



IV



Trancado em novo mundo

Onde abracei

sonhos aveludados;

Na minha leve inocência

Sapatos de ferro

Onde tenho estado



Eu tenho um leão

Em meus braços

E barris velhos

Cheios de nada

Eu sou uma pena ao vento

Sobre o deserto desatento

Eu sou sutilmente

Dois passos na água



V



Quando o meu coração

Bate mais depressa

Minha quase morte

Quase dispersa

Eu me torno poeira

Caminhando sob o sol

Sobre terra vermelha

Infernos de mim

Colidem estrelas


Hamilton Guilherme

domingo, 12 de maio de 2013

Velha Faísca






Solitária paisagem

Memória apagada

Milhas atrás

Longa jornada



Braços fechados

Pelo horizonte

Dias de nada

Que desperdicei

Braços abertos

Louca sonata

Luas de prata

Eu Perecerei



Quando ontem

For quase hoje

E o meu passar

Falhar por inteiro

Estarei quase puro

Correndo de volta

Para o meu devaneio


Hamilton Guilherme

sábado, 11 de maio de 2013

Estranho na Rua





Avistei a deriva;

Sozinho na rua

Um estranho na rua

Sob o véu da montanha

Um amigo de infância

Sinuosa andança

Lua após lua



Então ele disse:

- Tuas lagrimas

Provocam as minhas;

Lagartas que nunca

Terão um casulo

O feroz caçador

Irá nos caçar

És um estranho à deriva

Numa chuva de junho



Eis aqui o lugar

Errado para se estar

A coruja que voa

Já não enxerga mais

É tarde para morrer

Na idade da lua nova

Emaranhar, jamais



Então, venha

De sangue morno

De sangue puro

De sangue rubro

De sangue sujo

Doce sangria


Hamilton Guilherme

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Bulevar




Os edifícios

Da velha cidade

Parecem monstros

Ao meu redor

Parecem muros

Estou menor

Os bulevares

Desta cidade

Levam-me

A lugar nenhum



Cedo demais;

Tarde demais;

Todos conhecem

O caminho de volta;

Eu vaguei sem rumo

Como os cães da rua

Até o anoitecer

Nunca se sabe

Para o onde

O vento sopra



Meus olhos caídos;

Minha guerra

De um só;

Talvez já esteja cego

Em meu sonho

Tolo, velho;

Meus mundos vazios

Reinos de nada

Somente pó


Hamilton Guilherme

sábado, 4 de maio de 2013

Vórtice Tranquilo







Aqui no outono

Onde o rei adormece

Rosas rebeldes

invadem-me;

o meu coração em chamas

sutilmente,desfalece



Pacifico,oceano pacifico

Sozinho em dezembro

Com os tolos de abril

Como o tiro de morte

Que foi disparado

Eu corri no escuro

Como o tiro de vida;

Ninguém ouviu



Como amor-perfeito

Nos olhos do mal amado

Eu me torno lábios de lírio

Veneno tardio,adocicado


Hamilton Guilherme

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Cirros



I

Aqui vem a era de rosas
E viver é tão belo
O sol é virgem
E a grama é dourada
Tu és tão liquido
E o teu coração é imaturo
Então não respire,
Não hesite,
Jamais

Passada a árvore
De mil pardais
Somos apenas
Pequenos Mortais
E não tens
que lamentar mais
Por isso não suspire,
Não hesite,
Jamais.


II

Última lástima, fogem os fantasmas
Os cães ladram lá fora
E os cavalos negros correm
Por entre o escuro das horas

Aqui vem a meia-noite
E eu não acredito
em cada palavra que você disse
eu estive seguro em minha mente
eu caí em meu pesadelo íngreme

Hamilton Guilherme