sábado, 30 de junho de 2012

Filhos do Sol



Batendo na minha porta
Na minha cidade com o termômetro quebrado
São os filhos do sol
Cresceram, se tornaram adultos;
E me esqueceram
Eu olho pela fechadura
Ando por um caminho escuro, ando só

Talvez eu os chame para entrar
E partilhar de todo esse dissabor
Frio como as calotas polares
Como a beleza que existe dentro de quem vê
Há uma voz  ecoando na minha cabeça
Não consigo ver a sua cor

Botões de ferro
Nem sempre desabrocham sozinhos
Acaba de desabar uma nova desconstrução
Espere até o momento delas racharem
Não tenho mais nada
Nem sequer uma ambição

Ao procurar algumas coisas
Encontramos  outras coisas
Minha lanterna entre acesa
Contínua troca de roupas


Olhai aquelas cores
Em constante mudança
Elas virão abaixo
Como fantasmas imaginários
Não há vida ou morte
Estamos nos alternando entre dois mundos
Não se sabe quando começam
Quando acabam os nossos estágios


Os filhos do sol
Mantiveram-se pequenos
Correndo pelas escadas de incêndio
De-me paradigmas e o meu livro de mutações
Talvez eu tenha deixado as fechaduras entre abertas
E os filhos do sol
Mantiveram-se ingênuos

Hamilton Guilherme

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Cérbero, O Guardião de Hades



E nas profundezas as almas são lançadas,
Para vagar queimando pela eternidade,
Poderás sentir o terror do Reino de Hades,
Ao beber a bebida, para que suas lembranças sejam apagadas.

O sol por lá nunca nascerá, os raros momentos são lentos,
E Cérbero está a sentar guardando as almas inúteis,
O temido Guardião de Hades,
O monstro impiedoso ,
Contigo sempre haverá crueldade,
Guardião de Hades.

Conduzam-no,
Até o portão Final,
A um caminho de sombras pela frente,
E quando chegar Cérbero cuidará.

As almas que ali estão, ao entrar nunca sairão,
E as sombras dos mortos a ele temerão,
A luz cega os olhos de quem o vê;
Hades,furioso Hades,
Seja bem vindo a entrada do inferno,
Então o criatura deixa entrar, a escuridão no ar,
As três cabeças clamam horror em massa,
Por fim ele guarda, ele nunca descansa e lá as almas apodrecerão.

Conduzam-no até o guardião dos mortos,
E ele não deixará sair,
A um caminho de sombras pela frente,
O portão Final,
Para que queimem para sempre.

Alan Lacerda

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Casa Vazia



Eu despi a minha própria pele
Eu poderia velejar ate a lua
A dança de flores se espalha
Ao longo do infinito
Ouço passos no escuro
Dervixes rodopiando,
dançando na rua
eu atravessaria o universo
o faria sem aviso

nascer do sol e por do sol
transitam entre círculos
não sussurre o meu nome agora
há alguém dormindo abaixo
com pesadelos ínfimos

Aquelas janelas parecem tão profundas
Eu poderia cair através delas
Cai sobre o caminho de Santiago
Estrelas de esplendor
Pétalas sobre o livro de lembranças
Amenizam o ferrão
Aliviam o dissabor

Olhe para aqueles pontos de luz
Eles cairão na terra em breve
se perderam na noite dos tempos
Dentro de opacos dodecaedros

eles não acreditam no juízo final
um outro ri
um outro chora
ninguém irá enxergá-los hoje

fuja de dentro pra fora
das portas que não vão pra lugar nenhum
velha boneca de trapos
semi-pasteurizada
áspera seda incomum

Hamilton Guilherme

sábado, 23 de junho de 2012

Os Mosqueteiros


Estavam a deriva,andando na rua
Athos,Aramis,D’Artagnan e Porthos
Eles não tem nenhum dinheiro
Sorriem uns para os outros
Seriam jovens por enquanto

O verão trouxe com ele uma sonolenta brisa ;
os anestesiou como nicotina
deixaram a mente entrar
pela porta dos fundos,pela porta da frente
os enlevou com uma sintonia fina

Eles não usam sapatos
O dia de amanhã,não mais os importa
Carregam fragmentos de uma trajetória inteira
O presente lhes tranqüiliza o diafragma
A insônia abraça a surrealidade
uma mão parasita,atrevidos em estréia

Eles carregam violões vermelhos
E só sabem tocar somente uma canção
Seus espíritos descafeinados,
sempre a se distorcer
a distorcer seus rivais insinceros
Eles flutuam sem rumo, por horas e horas
O destino é a sua dama de inverno

A aurora boreal os leva embora
Seus desejos são secretamente eternos
Eles atam e desatam velhas expectativas
abaixo dos seus pés não existe Atlantis
Não existem infernos

Hamilton Guilherme

Difuntos cratéra





Eu estou enforcado em minha mente
E tudo é apenas uma questão de tempo
Para que volte ao normal
Para que volte a ser como era antes.
Até lá, ainda há muitos alucinógenos
É inesgotável as alucinações está noite
Venha comigo, vamos atrás das portas falantes
Encontrar o Diabo bom, dos espinhos aconchegantes
O sorriso amarelo, da moça do chinelo
Ali, logo ali em meu Castelo
A cidade adormeceu
As sombras vagam pelas ruas
Pelos esgotos
Eu sei do teu sufoco
Para sorrir em meio a multidão.
Em meu sapato só há carrapato
Na situação pego uma faca
Para matar o suspeito  anonimato
Mais um pouco
Eu disse mais um pouco de alucinógeno
Mais algumas luzes brilhantes
Eu desmaiei em cima do relógio falante
Mas eu vi quem te abduzistes
Eu sei o teu medo
Que contigo para sempre dormirá
Do teu  sonho que anda de trás para frente
Mas você acordará.
Amanhã você vai acordar aqui na terra
Mais tarde em nossa subterra
Juntos novamente
Difuntos cratéra.

Alan Lacerda.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ritual em volta das chamas





Você não tem para onde escapar agora
Eu estou atrás do teu tempo orgulhoso
O tempo em que fomos queimadas
Estamos aqui para levar conosco
A alma do prisioneiro mentiroso

Somos o reflexo de nós mesmos
seremos todos esquecidos no abismo
Ritual em volta das chamas
bruxas estão a solta
Cortando o céu a sopro

Garras metálica em mãos
Para destroçar nossos seios
Lembro-me da Santa Inquisição                                      
A ordem era por as bruxas na fogueira

E nós apenas estamos aqui
Para envenenar os supostos suspeitos
O feitiço se virou contra o verdadeiro mal
Ah destruição por todos os lados
E você não pode fugir.
sangra  meu olho vermelho
A morte está vindo lhe buscar
Sim

Quem será queimado justamente?
Os crimes fizeram a cabeça dos pobres
Torturem sem piedade para que sintam os choques
Malditos cordeiros infelizes
Pagará com a vida pelas atrocidades.

A Idade das Trevas foi manipulada
Somos as bruxas das sombras
Levamos tempo até sair do inferno
E tudo se transformou em ódio
Os que mandavam serão mandados para baixo
Ritual em volta das chamas
Bruxas estão a solta
cortando o céu a sopro

Alan Lacerda

quarta-feira, 20 de junho de 2012

LSD


Liberte seu delírio
Luzes sem direção
Ligue sua dinamite
Lacre sua dispersão
Lento,sangrento,doce
Leve suave dedilhar
Límpido sopro dilacerado
Lício soturno dominar
Lucidez semi-destrutiva
Lâmpada sempre distante
Lúdico sândalo divino
Louco sagrado diamante

Hamilton Guilherme

terça-feira, 19 de junho de 2012

Elefante Albino


Eu estou grande
E todos estão pequenos
Todos estão grandes
E eu estou pequeno

Pessoas de minha afeição
Na dança dos tempos
Eu as perdi
Alguns passaram,outros não para sempre
Devem estar em outros espaços
Vivendo o que eu nunca vivi

Cai da cama,acordei de um pesadelo
Moro dentro de uma pílula
A vida terrestre é tão curta
Estão crescendo alamos e cogumelos
Entre os meus cabelos

Eu suspendo verdades despidas,hiper saturadas
Todas estas metamorfoses,me vendo crescer
Todos me chamam pelo meu nome antigo
Eu caio por anos e anos,dentro do nada
A preencher com arcanjos e demônios
Os pequenos espaços vazios

Eu e o meu velho macaco
Estamos barbados e com longas madeixas
Eu tento andar em pernas de pau
O vento me abraça
Em sua forma mais sonolenta

Eu não sei se estamos juntos
Ou estou separado por estágios
Odeio as linhas continuas
E os seus sapatos bem amarrados


E quando nos perdemos o contato
Quitando vícios,mendigando por indulgências
Nos precisávamos de um pouco mais
Poderíamos viver uns sem os outros
Na ausência de um muro de lamentações
Seguindo em frente,sem inconseqüências


Todos dizem ter corações bioeletronicos
Porem eu tenho que discordar
Meus lábios estão ressecados
Ainda  insistem em antídotos falíveis
Estão a me assombrar

Semeei no solo rachado
Esperando que alguma semente brote
Entrei dentro do espelho
Vi outras direções e vórtices

Sentado imóvel,vendo o dia albino
Desvendando o meu cubo mágico
Os jornais anunciam a viagem do homem biônico
Televisores numa vitrine
Anunciam um retorno trágico

Por trás daqueles cadeados,
Se esconde uma porta aberta
Uma musica desacelerada
Uma passagem que dorme
Mas nunca hiberna


Hamilton Guilherme

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Elefante Negro


Ninguém foi pro outro lado do nada
Eu não era o vilão,mas fazia parte do dano
Se os meus genitores fossem
Um anjo e um demônio
O que eu seria?
Quem eu seria?
Vulnerável
Invulnerável

Meus companheiros estão mudando
Estão vivendo, estão morrendo;
Estão ganhando cabelos brancos
Eu só me sinto mais velho
Quando olho pra eles
Minhas paginas estão molhadas
Estes séculos são tão grandes
Tudo parece pequeno

Eu fico confabulando em minha ilha distante
O filho prematuro está muito atrasado
Eles desprezaram a minha presença
E foram festejar no feriado

A liberdade é uma terra entre rios
Que os seres humanos só encontram
Depois que vão embora
Podemos viver um milênio em um minuto
Apenas diga sim ou não
Vamos logo em boa hora

A vida parece tão bela
Trapezistas a voar,me saltam os olhos
Me fazem suspirar,por enquanto
Estou livre do abraço da minha primeira mãe
Estou em volta dos anos brancos

E eu estou buscando o lado errado
Vomitar toda a minha ira
Destruir cada um da minha lista negra
Escapar impune deste assassinato
 
Gritei para um teatro vazio
Todos que eu amei,me deixaram irritado
Destruí as catedrais que construí
Novo nome semi-ácido

 Sonho de tangerina
Não há ninguém do meu lado
Depois desta tempestade
Não quero ver mais ninguém
Jogo de forma agressiva
Pequenas lanças, dados pesados

 Ainda espero um disco voador passar
Tranqüilizar meus olhos vermelhos
O céu nublado é irmão da melancolia
Tempo de compor novos sonhos
Que componho comigo, eu mesmo

Vaguei pelas ruas o resto da noite
A procura do jardim das violetas ocultas
Devaneios escapam pela porta
Janelas abertas de um coração solitário
Guardei no bolso
Minhas quimeras enxovalhadas
Alguém esta querendo fugir
Da velhice das supernovas

 Por trás daquela cúpula azul
Deve haver um outro lugar pra viver
Eu conheci os meninos perdidos
Abandonei o xeque-mate
Sem mais volver

Hamilton Guilherme

domingo, 17 de junho de 2012

Eu lamento por esse momento


Estou de olhos fechados,
Ardendo em febre,
Imaginando o meu inferno;
A paranoia mais perfeita em que vivo,
Eu lamento por esse momento.

Deliro na fumaça, 
Que sai de minha boca,
Os vermes me consomem lentamente;
Aproximando cada vez mais,
De minha alma desgastada,
Os dias se passam ,
O ponteiro do relógio,
Ainda continua no mesmo,
ciclo desalentado,
Até o maldito tic-tac já não incomoda tanto assim.

Os raios do Sol que batem na janela,
É sufocante,
Supérfluo não?
Sim eu sei, esse é meu mundo de trás para frente,
Um abismo que chamo de vida.
Eu lamento por esse momento.

Eu imagino como perfurar as tuas lágrimas,
As lágrimas que vi derramar,
As mesmas que fiz,
Delicada você pega uma flor,
Me joga pra fora;
E assim eu parto,
Assim eu infarto,
Em mais um cigarro,
Mas eu lamento por esse momento.

Alan Lacerda

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A mais delicada alma




Por mares vaguei,
Em terras lutei,
E tudo que vi
Foi apenas uma ilusão.

Caminhar em terra firme,
Observar passos calmos,
Eu quero que você me confirme,
Eu delirei ao ver aquela alma?

Tão bela,
Já morta,
Tão sozinha,
De face dolorosa.

Seu olhar cativante,
Me fez ir além dos sonhos;
Teu sorriso aberrante,
Me fez flutuar até seu semblante.

Segui alucinado,
Em direção daquela alma;
Só mirei meus olhos,
E percebi que ela estava calma.

Me apaixonei por uma morta,
O que posso fazer?
Se vi você cair lá para baixo,
Saia detrás dos véus,
Venha comigo viajar,
Destruindo, roubando
E matando os anjos do céu.

Me apaixonei por uma morta,
Eu vi a mais delicada alma,
Eu a vi se virar sem falar nenhuma palavra,
Eu vi seus olhos se perdendo em mim,
Lembro que chorava,
E ela chorou;
Tenho que encontrá-la,
Perfurando as trevas,
Posso buscá-la.

Quando a encontrarei?
Se ela partiu em direção ao nada,
Como posso partir e deixá-la?
Se estava parada e abandonada;
Fiquei inquieto,depois quieto,
Queria ver suas dolorosas sombras novamente,
Eu queria de volta aquele inferno em minha frente.

Tão linda,
Tão morta,
Tão sozinha,
De face dolorosa.

Alan Lacerda

Anoitecer




Guarde o adeus
Deseje boa noite
Enquanto o mundo estiver dormindo
Está nevando em minha cidade natal
No último dia de domingo

[...não me pergunte por onde eu tenho andado...]

Despedacei o meu crepúsculo
Meus cabelos cresceram
Assim como as trepadeiras
Sonífera datura,serve-me de braçadeira
Adormece minha consciência

Sempre irá mudar o meu mundo
Sei que irá mudar o meu mundo;
Me sinto tão pequeno
Ao redor de tantos muros

Hamilton Guilherme

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sândalo



O céu se revolve entre tantos crepúsculos
Ele está vivendo dentro de mim hoje
Eu permaneço entre estes cômodos escuros
Os sapatos de ferro ficaram minúsculos

Meu gêmeo de copas se esconde
dentro destas florestas de alumínio
sobressaltando,suspirando
até por cima do meu frágil calcanhar
por cima do meu ventríloquo esguio

entretanto
tenho fotos antigas na minha parede
ainda tenho amigos imaginários
extensões da minha personalidade
acordes de violões desafinados

[Pois até Leviatã precisa de ar fresco...]

eu saboreio um cálice da meia-noite
lutando dentro,estando fora
as florações estão mudando
como a sinuosa fumaça do meu cigarro
meu incenso está tão idoso
Asmodeu trás o caos,trás o circo
está me assustando

corações estão caindo
todos destroem suas claustrofobias
o mundo está em chamas,esta noite
meus olhos estão trocando de cor
em perfeita assimetria

No alto dos últimos elevadores
Há um abismo,uma terceira mão
uma outra realidade
e suas concepções
cupidos de ópio,estrada de neblinas
delírios lisérgicos
e outras alucinações


Hamilton Guilherme

Caça e morte aos traidores

Sangue da espada sombria
Leve contigo,
todo meu ódio
que tornou-se grande
diante dos Reis de cima.

As noites de Março são chuvosas por lá
E todos estão tramando algo.
Minha raiva suga o silêncio do ambiente.
Cheguei ao ponto de  ordenar os cavaleiros
para buscar os crápulas sanguessugas

Vocês vão queimar no inferno.
 Acabarei com todo o segredo
Destruirei todos os anjos malditos
Não deixarei vestígios de suas raças
E quando a lua chegar
As sombras vagarão.

Fogo que vem queimando os mortos.
Queime.
E vá em busca dos traídores.
O corvo negro que pousou
Sorriu mas não exaltou
E disse-me que você é  um pobre fraco
Mais um desprezado.
Que não serve nem para ser escravo

Traidores, o que lhes resta é a morte.

Acabarei com todo o segredo
Destruirei todos os anjos malditos
Não deixarei vestígios de suas raças
E quando a lua chegar
As sombras vagarão.

E você que luta?
chegando a lugar nenhum.
Tens medo do que é calado
que vem torto e quebrado
Do corte que jamais  sangrará.
Não deixarei vestígios de suas raças
Quando a noite cair, começarei as matanças.

Acabarei com todo o segredo
Destruirei todos os anjos malditos
Não deixarei vestígios de suas raças
E quando a lua chegar
As sombras vagarão.

Alan Lacerda

Volans


Passei a minha ultima vida
Vendo aquelas rodas passando
Passei o resto da minha vida
Ouvindo aqueles campos de morango

Eu quero estar em qualquer lugar
Eu não lembro da minha vida passada
Caí daquelas distorcidas linhas retas
Minha mente está bagunçada

Vivendo na solitude de uma casa
Talvez amanhã tudo chegue incompleto
Eles viram o rastro daquela espaçonave
Viram ela se despedaçar no concreto

Toda a minha velhice se torna azul
Todo o meu azul se torna negro
Por de trás da rua, pelo transito de Vênus;
Por de trás de todo meu império imperfeito


Acima da parede
Vejo outras formas de mundo
Vejo dimensões;
Vejo céus;
Vejo muros

Hamilton Guilherme

terça-feira, 12 de junho de 2012

Ao amor que nunca amei



Ao amor que nunca amei
Dedico uma canção tocando ao longe;
Se esvaindo a cada dia que passa

Ao amor que nunca amei
Dedico o mais agudo dos violinos
As cartas que nunca escrevi
Um compasso que sutilmente se descompassa

Ao amor que nunca amei
Dedico a ilusão dos apaixonados
As corações e os valentinos
Que jamais serão defenestrados

Nunca mais vi uma lágrima em seus olhos
Nem sequer um sincelo
Ainda espero os céus se rasgarem
Eu não sei mais o que eu quero

Hamilton Guilherme

domingo, 10 de junho de 2012

Pandora



Pandora está fumando no meu telhado
seu paraíso é um dia verde
seus cabelos quase prateados
ela tem aversão a monotonia
fala sobre viver uma vida
fora daqueles esquadros

Pandora vive maravilhando
fora da sua redoma
ela busca o amanhã vespertino
o mundo caiu sobre todos
como um batalhão de choque
revolução de lótus
besouros assassinos

Pandora tem sete irmãos e irmãs
Ela mora numa casa no subúrbio
Possui uma sopa de olhos,em sua parede
Ela tem asas nos pés
Ela voa como Mercúrio
                                  
Pandora insiste em ser amada
Insiste em ser odiada
Ela pretende se casar com um Yeti
Insiste em revolver o nada

por tantos semicírculos,ela tem passado
ouvindo o discurso daquelas mentes cansadas
e como isso a fragmenta

não mantém posses,
não possui nada
possui somente o sonho
aquele que a alimenta

algum dia ela pode oscilar
seu camaleão se tornou um caleidoscópio
no despontar de cada manhã
deve haver um jardim perfumado
um perfume de ópio

Hamilton Guilherme