domingo, 3 de fevereiro de 2013

Monólogo





Eu morava em um roulote

Para não viver jamais

Para morrer num outro comprimido

Eu tinha as mãos lentas

Para ver as pessoas partindo

Entre despedidas e obrigados

Entre pães e circos



Eu me perdi por aqui

Porque esqueci o caminho de casa

eu tenho o perfume de dias passados

e a vaga lembrança da ultima sonata



Eu quis ser

E o fogo que abraça a noite

E a fumaça do teu cigarro

Eu quis ter o tempo de tempo nenhum

Eu quis ser

O escuro de um dia nublado

Eu quis ter asas ao invés de braços



Somos lágrimas de um oceano

Todos os amanhãs começam sem ter hora

E eu não quero ouvir o caos das televisões

O quão breve estamos agora



E como a queda livre antes da morte

Não poderíamos gastar os dias,em vão

E eu fugi para longe,para estar seguro

Para queimar velhos devaneios

Como velho carvão



E não há anestesia

Para a nossa rota fria

Cavalos feitos

Somente para cavalgar

E não há porta de saída

para os espelhos mais altos

somos abutres velhos

cansados de tanto voar



folhas de outono no ar

fluem para onde o vento levar

um passado novo

de um futuro velho

o dia está apagado lá fora

e está tão nublado

o meu anoitecer interno



Eu costumava ser um astronauta

Vendo estrelas caírem

Eu ouvia os corredores rirem

e os principados velozes

de peles bordadas

correndo para a primavera em que vivem


Hamilton Guilherme

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