Eu morava em um roulote
Para não viver jamais
Para morrer num outro comprimido
Eu tinha as mãos lentas
Para ver as pessoas partindo
Entre despedidas e obrigados
Entre pães e circos
Eu me perdi por aqui
Porque esqueci o caminho de casa
eu tenho o perfume de dias passados
e a vaga lembrança da ultima sonata
Eu quis ser
E o fogo que abraça a noite
E a fumaça do teu cigarro
Eu quis ter o tempo de tempo nenhum
Eu quis ser
O escuro de um dia nublado
Eu quis ter asas ao invés de braços
Somos lágrimas de um oceano
Todos os amanhãs começam sem ter hora
E eu não quero ouvir o caos das televisões
O quão breve estamos agora
E como a queda livre antes da morte
Não poderíamos gastar os dias,em vão
E eu fugi para longe,para estar seguro
Para queimar velhos devaneios
Como velho carvão
E não há anestesia
Para a nossa rota fria
Cavalos feitos
Somente para cavalgar
E não há porta de saída
para os espelhos mais altos
somos abutres velhos
cansados de tanto voar
folhas de outono no ar
fluem para onde o vento levar
um passado novo
de um futuro velho
o dia está apagado lá fora
e está tão nublado
o meu anoitecer interno
Eu costumava ser um astronauta
Vendo estrelas caírem
Eu ouvia os corredores rirem
e os principados velozes
de peles bordadas
correndo para a primavera em que vivem
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