quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Jardim de Pedra









Eu corri através da chuva
Que embranquece os montes
Corri pelas frutas
Que caem das arvores
Corri pelas prisões
De ruas molhadas
Corri para longe

Eu corri pelos cemitérios
E pelos ossos de mastodontes
E o chão se abriu sob os meus pés
A hera envolveu o meu corpo
Acariciando-me

Eu olhei para a noite
E pensei na morte
Eu abracei a dama de horas
E ela me levou embora
Nas costas do zéfiro norte

E eu tentei fugir
Dos fantasmas que me perturbam
Dos sonhos que me magoam
Do sono que não vem
Dos olhos que dormem acordados

E eu vi ele se decompor
E os cães velhos que o farejavam
Eu ouvi os seus dentes trincarem
Seus ossos sussurrarem
Seu degenerar

No padecer da noite negra
Eu fujo,em silencio
Da prisão que me resguarda
Dos frios corredores de pedra
Dos fantasmas que me assombram
Embora já tenham partido
Dos vendavais que me sopram
Que me sopram pra longe

Como frascos sem perfume
E almas sem curtume
Assim eu entardeço
E anoiteço


Hamilton Guilherme

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