domingo, 28 de abril de 2013

Dias Calados







Dias calados
Ninguém em casa
Meus dedos dormem
Sob a espingarda

Os meus cães ladram
Sem rumo
Eu perco o prumo
Sou um grande zero
Por um segundo,
Eu  quase sumo
eu nunca sei
o que eu quero

Dias calados
Um vórtice no oceano
Meus sorrisos morrem
Pesadelo insano

Hamilton Guilherme

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Quatorze de Abril




 
Deitado,
ao teu lado
Eu serei como o anoitecer
E ao teu lado,
Adormecido
Eu serei o adeus
Do entardecer
Eu serei um par de cães negros


Eu adormecerei
Em teus olhos;
Meus braços
Serão madressilvas
Serei uma velha moldura
Cairei para sempre
Do último andar;
Serei apenas
Roda viva


Hamilton Guilherme

terça-feira, 23 de abril de 2013

Carbono





Céus rosados,foram embora;

Embora dos meus olhos selvagens

Eu enganei cada um daqueles garotos

Eu fui em frente

No caminho da rubra paisagem



Sombras correm

sobre o muro velho

E eu me deito

sobre os meus medos escuros

sobre o mundo em meus ombros

como o eremita que teme o crepúsculo



sombras se mostram

pálidas como um espelho

tornado azul

em desespero

fugimos e fugimos

quase nada

e assim isto flui

e assim flui


Hamilton Guilherme

sábado, 20 de abril de 2013

Azul Urbano




Atravessando a rua

De anos atrás

Onde eu pensava

Ser um gatuno

Onde eu roubava sonhos

E perdia apostas

Onde eu era tolo

Numa pele de alburno



Conheci o Sr. Agradável

Nas esquinas do ainda

Ele vestia trajes antigos

E um chapéu borsalino

E me disse: - Não olhe para trás com raiva

Levante e voe, desatino



Conheci o Sr. Vulnerável

Nas longas ruas sem saída

Era sombrio como um corvo negro

E me disse: - És um muro de Berlim

Tens que escalar o mais alto

Porque és um simples forasteiro





Conheci o Sr. Lavanda

Nas solares avenidas

Era distante como o horizonte

E me disse: Há um novo inicio

A cada sono do último sol

Alguns demônios se escondem



Eu corri pelos trilhos

Nas curvas do infinito

Eu procurava por mim

Pelo silencio do grito


Hamilton Guilherme

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Circulos






Hoje é o penúltimo dia

De nossas vãs existências

E cada um de nós

Envelheceu aos vinte e sete

Entre as lágrimas

De lápis lazuli

Por entre a fúria dos lobos

Que correm pelas estepes



Na primeira hora da noite

Ao redor do fogo dos tempos

Todos nós fomos

Quem nunca fomos

Nossas próprias estradas

E vidas passadas

Nas bordas da meia noite

Nós nunca fomos

Quem nós supomos





Aqui eu enterro os meus ossos

No morrer da primavera

Céus, campos e mares

No dia de todos os santos

Onde o circulo da vida

Voltou dos confins da terra


Hamilton Guilherme

sábado, 13 de abril de 2013

Irmãos Sangrentos






I



Era uma noite de outono, as brumas gélidas contornavam toda a escuridão,a ventania propagava o seu tenebroso assobio. Numa cidade qualquer,em algum albergue velho e mal-iluminado,alguém acabara de soprar o último trago do seu cigarro. Chamava-se Lisandro,Lisandro Boungavilia. Usava velhas botas e um casaco negro e o mantinha sempre com o colarinho erguido, e os olhos levemente cobertos pelo seus cabelos escuros. Manchas de sangue marcavam suas mãos e havia um crepúsculo em sua face. Havia um outro que o acompanhava, este ostentava uma expressão dissimulada em seu rosto,chamava-se Demétrio,Demetrio Boungavilia. Usava uma camisa com mangas rasgadas,um quepe e um antigo coturno que haviam sido usados por algum parente na guerra, seu olhar tempestuoso parecia não ocultar nenhum canto da sua alma. Ambos tinham a barba meio por fazer e costumavam fumar bastante. Não sabiam quais seriam os seus próximos passos,talvez houvessem somente caminhos estreitos a seguir,talvez eles precisassem de mais mãos,estavam propensos a atear os seus espíritos a lareira. Eles carregavam armas de fogo,adagas e objetos pontiagudos, possuíam algumas dividas a serem quitadas. Era como um amargo remédio a ser ingerido,seria melhor que o fogo  transmutasse toda a existência em carbono do que esvanescer aos poucos. Eram criminosos errantes, havia sangue por todo o assoalho, acabaram de fazer novas vitimas naquela noite,não existia mais nada mais além de um secreto desejo de vingança. Era como se faíscas ardessem no interior dos seus olhos e as estrelas sussurrassem em seus pensamentos. Aqui onde eles cravariam as suas adagas e as retirariam, ensangüentadas. Não faziam idéia dos danos que as suas botas poderiam causar.

Havia pouco tempo para sair daquele local,ambos pegaram todo o dinheiro que puderam das vitimas e ao sair de lá,limpando as suas mãos ensangüentadas,Demétrio olhou para Lisandro e  disse:

- Nós precisamos fugir desta cidade rapidamente ou seremos descobertos. Então Lisandro virou para ele e disse:

- Este é apenas o inicio da nossa longa jornada, somos apenas patifes,não temos mais nada a esperar,nada a perder.

 Ao amanhecer, eles foram para a ferrovia, e subiram a bordo clandestinamente num trem em movimento,no último dos vagões onde ficavam as bagagens. Assim foram seguindo, em busca de qualquer cidade mais próxima, onde realizariam o seu próximo ato,eles não queriam parar por nada,absolutamente nada. Aquela era uma manhã muito fria,o céu estava nublado e eles tinham apenas alguns fósforos para se aquecer,Lisandro sentia-se um pouco culpado pela associação,talvez a presença do seu irmão o incomodasse um pouco,mas tentava esconder este sentimento dele de qualquer jeito,pois pensava que assim poderia decepcioná-lo.Demetrio tinha uma personalidade forte,era como se o sabor da morte escorresse por entre os seus dedos,como um alivio para o seu desejo aniquilador. Talvez eles se chamassem assim porque a sua mãe gostava de ler “Sonhos de uma noite de verão”, ou apenas optou chamá-los assim porque pensava que esses nomes lhes cairiam bem. Mas ela não estava mais aqui, não havia mais ninguém aqui.











II



Haviam chegado numa cidade grande, O crepúsculo trazia com ele a noite e a lua cheia. Era um lugar de grandes casarões e becos habitados pelas pessoas mais sórdidas que já existiram. Eles foram seguindo ruas abaixo em busca de algum lugar desavisado onde poderiam fazer novas vítimas. Avistaram um pequeno hotel, de qualidade precária, chamava-se “Hotel Alraune”. Entraram e foram logo surpreendidos pelo recepcionista, que era um homem velho, fétido e rude. E ao julgá-los pela aparência, olhou para eles e disse:

 - Não recebemos patifes do seu tipo neste local.

Então, com um tom de fúria, Demétrio apontou a sua pistola para o rosto daquele senhor e disse:

- Dê tudo que você tem a este patife, seu patife, eu não preciso dessa sua alma fétida e imunda.

E após essas palavras, ele puxou o gatilho e o velhote caiu morto no assoalho. E ao pegar pelo colarinho aquele homem que acabara de ter sido morto,Demetrio disse:

 -Espero que Lúcifer tenha piedade de sua alma, porque eu não tive.

Em seguida,ele deu um forte pontapé no ventre do cadáver e seguiu hotel adentro,estava enfurecido.

Enquanto isso, Lisandro adentrava o hotel para roubar os poucos hospedes que ali estavam. Ao entrar no primeiro quarto, ele chutou a porta subitamente. Haviam muitas pessoas lá,homens e mulheres,todos na mesma cama. E ao vê-los, Lisandro apontou o seu rifle para eles e disse:

- Este foi o último dia de suas vidas, seus pequenos vermes, eu espero que tenham aproveitado as suas vidas medíocres,nos vemos no outro lado.

E então ele disparou o seu rifle friamente diante daquelas pessoas,os atingiu em varias partes do corpo e pegou todo o dinheiro e cigarros que estavam encima do criado mudo.



 Os Bouganvilia entraram bruscamente nos quartos seguintes e surpreenderam todos que ali estavam. Eles não hesitavam, atingiam a todos que caiam mortos em seguida. Encheram os  bolsos com todo o dinheiro e jóias que os hóspedes possuíam. Vidros estilhaçaram, Corações foram empalados e a sirene do alarme tocava, não sobrou ninguém vivo. As paredes eram as únicas testemunhas daquele ato criminoso. Saíram pela porta dos fundos, correndo,não deixaram pistas,não olharam para trás. Suas almas agora cheiravam como pólvora e sangue,eram como uma galeria de olhos.

Em seguida eles roubaram um carro que estava estacionado atrás do hotel e foram embora rapidamente. Nasceram novos espinhos nos Boungavilia naquela noite,mas o caminho devia continuar .Lisandro acendeu um cigarro, e enquanto dirigia o carro ele falou em tom irônico:

- Dessa vez nós iremos direto para o inferno,vendemos nossas almas por uns míseros trocados,que grande barganha.

Demétrio toma o cigarro de Lisandro e diz:

 - Eles mereceram cada tiro,eram somente pessoas estúpidas com vidas estúpidas,nada demais.

Pela pista livre, eles foram seguindo em busca de alguma taverna, para ficarem embriagados o resto da noite,não queriam continuar no mesmo lugar por muito tempo.





                                                                                                 



Entraram numa taverna chamada “Cestrum nocturnum”, eles sentaram-se diante do balcão e pediram uma garrafa de rum, logo se puseram a embriagar e inebriar pela mistura de álcool e nicotina, estavam parcialmente entorpecidos. Haviam alguns bêbados ao redor e na vitrola estava tocando uma velha música do oeste,as luzes estavam amenas e indiretas,o ambiente estava pacato como uma brisa noturna. Naquele mesmo lugar eles conheceram um homem que era apenas conhecido como homem de mil faces,ele usava um sobretudo e tinha o olhar pesado,como se existisse uma sombra profunda em seus olhos que tivesse se liquefeito. Vendia e trocava armas de fogo e alguns tipos de  entorpecentes,o que chamou a atenção dos Bouganvilia,que queriam novas pistolas,com calibres maiores. Ele possuía a capacidade de clarividência, e após ter feito a venda e troca de armas e ter lhes vendido alguns frascos de morfina,ele olhou para os Bouganvilia e disse:

- Eu sei quem vocês são e o que vocês fazem,  só um conselho, tenham cuidado com os seus passos, ou eles os levarão para caminhos terríveis e serão punidos por suas próprias vidas.

Demetrio olha para ele com um certo desprezo e lhe pergunta:

 - Afinal, de onde você veio?

Então o homem de mil faces vira o rosto, e com um olhar distante responde:

- Eu venho, de lugar nenhum, não importa quem eu sou nem pra onde vou, eu não permaneço na mesma face por muito tempo.

Vendo que Demetrio iria começar uma pequena discussão com o moço, Lisandro o puxa pelo ombro e diz:

- Vamos embora, já conseguimos o que queríamos, vamos a busca de outros lugares,não há mais nada para fazer aqui.

 Enquanto isso o homem de mil faces os observa partir, com um sorriso irônico no rosto. Ao sair da taverna, eles saíram dirigindo vagarosamente, rua adiante,em busca de algum desavisado. Avistaram um dândi,alto,magro,usava trajes elegantes e uma cartola negra. Eles encostam o carro e Demetrio puxou a adaga que estava lateral interna de sua bota e diz: - É uma vitima perfeita. Lisandro olhou para ele e disse:

- Você pode ir,eu estarei aqui observando tudo de longe.

E então acendeu o cigarro e ligou o rádio,queria ouvir um pouco de musica. Em seguida Demetrio saiu do interior do carro e foi sorrateiramente em direção a sua presa .

Ocultando a adaga em suas costas com apenas uma mão,ele chegou por detrás do dândi e o atinge com vários golpes nas costas. Ele o assassinou a sangue frio,suas mãos estavam ensangüentadas enquanto ele rapidamente pegava o relógio de bolso e alguns anéis de ouro que a vitima usava.

– Ele não tinha nenhum dinheiro. Disse Demetrio frustrado.

–Vamos colocar o corpo no porta-malas, não podemos deixá-lo aqui. Retrucou Lisandro.

Á vista disso,eles carregaram o corpo pelas extremidades até o carro, abriram o porta-malas e colocaram o corpo dentro,Lisandro tomou a cartola para si.

 -É uma bela cartola, Ele disse ao observar e tocar a cúpula do chapéu, e o colocando sobre

a sua cabeça em seguida.

Assim sendo, ambos entraram no automóvel e foram para o cais, o lugar estava ermo e não havia nada além dos barcos ancorados e a leve ventania marinha à noite. Eles abriram o porta-malas e carregaram o corpo até a borda do cais e o lançaram ao mar.

– Os peixes terão uma grande refeição esta noite,disse Demetrio com um sorriso escárnio.

 – Certamente,mas eu penso que eles ainda não receberam nada em troca.

Respondeu Lisandro, virando o seu olhar para o oceano e atirando a cartola mar adentro. Abandonaram o carro e seguiram a pé, num albergue que ficava nas proximidades. Estava lotado e havia somente um quarto disponível, mas não se importaram com isso, apenas queriam algum descanso,estavam exaustos.

Lisandro tirou o seu casaco e o pendurou no cabideiro,expondo as suas cicatrizes nas costas,ventre e em partes dos braços. E ao olhar pela janela,para a chuva que caia lá fora ele disse:

- Carrego muitas cicatrizes,de uma vida inteira,algumas já desapareceram,mas outras ainda me machucam,temo estar me transformando em algo que eu não seja,algo que eu não conheça.

Então Demetrio o afagou pelo ombro e disse:

-Você pode disparar arma,mas a guerra nunca está vencida,elas somente o tornou mais fortes, eu mesmo ainda carrego algumas cicatrizes. Desde o dia em que nos assassinamos o nosso padrasto, pelo que ele fez com a nossa mãe ele mereceu,cada golpe.

-E após isso nos fugimos,e estamos aqui,não entendo como sobrevivemos durante todo esse tempo,eu não gosto de lembrar daquele dia, Demetrio. Ela não merecia morrer daquela forma,nas mãos daquele canalha. retrucou Lisandro

- Eu cortei o pomo de adão dele, como se corta uma fruta num dia quente de verão,nós o matamos da mesma forma que ele a matou, nada mais justo, não? Insistiu Demetrio

- Não é nada fácil quando o todo seu mundo é pintado de preto. Não vamos mais falar sobre isso,esqueça. Respondeu Lisandro,virando o rosto.

Após isto eles fumaram alguns cigarros e injetaram morfina em suas vias sanguíneas, era a única anestesia capaz de manipular qualquer dor existente.

- Agora vai ficar tudo bem – sussurrou Demétrio com uma voz sonolenta.

- Não é o que os meus pesadelos dizem – respondeu Lisandro num tom melindroso

Eles não sentiam mais os seus pés,não sentiam mais suas almas,estavam plenamente entorpecidos. Deixaram muitas cascas no cinzeiro e no assoalho daquele quarto.













































III



O dia nasce,o sol desponta os seus primeiros raios desde o alvorecer. Há muitos policiais e detetives ao redor do hotel Alraune, havia acontecido uma grande chacina na noite passada.

-  Todos que estavam lá dentro foram assassinados friamente,inclusive o recepcionista. Ainda não encontramos pistas concretas de quem possa ter feito tal façanha. Disse o detetive que estava investigando o caso.

- Acabamos de interrogar uma senhora, ela disse ter visto os tais criminosos fugindo pela porta dos fundos,ela disse não lembrar claramente da fisionomia deles. – Disse um oficial de policia para o detetive,isso poderia ajudar a desvendar o caso.

Sete da manhã,o sino da igreja emite suas fortes badaladas ao longe,e os Bouganvilia logo se levantam,deixam o albergue e vão para a rua. Eles foram em busca de pessoas que tivessem interesse de comprar as jóias que eles haviam roubado. Pelos cinzentos e esfumaçados becos da cidade, eles conseguiram um bom lucro vendendo parte das jóias para uma cafetina. Ela os contou que administrava um pequeno bordel que ficava ao longo do beco. Comandava com mão de ferro, ficando com metade a quantia que os seus serviçais ganhavam por trabalho. Alguns deles eram mulheres, outros eram homens. A clientela eram homens que se auto-intitulavam politicamente corretos,que ao cair da noite,visitavam o bordel se entregavam aos prazeres lascivos e ao amanhecer retornavam aos seus disfarces hipócritas. Ela convidou os Bouganvilia para visitar o seu estabelecimento em um dia qualquer,em seguida foi embora. Eles já haviam feito um bom negocio com a venda de jóias então puderam sair dos becos e seguir em frente.

Ao longo do caminho eles encontram novamente o homem de mil faces,que ao vê-los passar ele põe as mãos dentro do sobretudo e exclama em tom irônico:

- Que belo dia hein?

- Acho que nós já nos conhecemos na noite passada,onde estão todas as suas quinquilharias?. perguntou Demetrio com frieza

- Não importa,a terra está sempre a dar muitas voltas e voltas,vocês sabem como é. Retrucou o homem de mil faces com um certo desdém.

- Sobre o Alraune ontem a noite. Estão todos falando, pessoas chorando e gritando, é melhor que vocês se protejam com fogo. Disse o homem de mil faces em tom sarcástico.

- O que você sabe a respeito? quem está por trás de tudo isto? .Perguntou Lisandro, o segurando bruscamente pelo colarinho.

- Talvez a resposta para a pergunta, se esconda dentro da própria pergunta, a vocês mais um conselho,fujam desta cidade o mais rápido que puderem e protejam as suas identidades. Respondeu o homem de mil faces com um olhar sereno no rosto.

Então,os Bouganvilia imediatamente fugiram daquele lugar,temendo que alguém os reconhecesse.

















Eles foram seguindo,de cidade em cidade,cometendo vários crimes,deixando varias pegadas de suas botas por onde passavam. Ninguém era capaz de capturá-los, haviam cartazes de recompensa para aquele que pudesse capturá-los. Ninguém os conhecia pelo nome,os cartazes os intitulava de “irmãos sangrentos”.devido a forma cruel que assassinavam as suas vitimas,eles eram agora alguma espécie de inimigos públicos. Os cartazes chamaram a atenção de uma caçadora de recompensas. Chamava-se Magnólia. Era jovem e impetuosa, tinha cabelos claros e usava uma jaqueta de couro. Carregava consigo pistolas,algemas e possuía um carro,e costumava correr quilômetros e quilômetros carregando os foras da lei que capturava. Ela era veloz e sorrateira,não descansava até que capturasse cada criminoso. Passava dias e dias,com o seu carro vermelho,como uma incansável caçadora,tendo que suportar duras condições. Fumava muitos cigarros por dia.

Certa vez ela viu alguns cartazes de recompensa espalhados ao longo dos muros de uma cidade. E ao observar o cartaz de recompensa dos Boungavilia,ela o arrancou bruscamente da parede.

- Capturar estes criminosos seria uma grande façanha, irei atrás deles,não importa onde estiverem. Pensou ela.

Magnólia estava disposta a procurar pistas,estava disposta a caçá-los,não importa o que acontecesse. Ao longo da sua busca,ela acabou conhecendo aquele que adentia pelo nome de “homem de mil faces” talvez ele pudesse carregar alguma informação. Ela mostrou-lhe o cartaz,e  perguntou:

- O que você sabe a respeito destes criminosos?

Então ele lhe respondeu:

- Eu poderia ajudá-la a capturá-los,com tanto que eu ganhe parte da recompensa

Magnólia com um tom de desdém,retrucou:

- Nada feito,eu trabalho só

- Bem a escolha é sua, é isto ou nada. Disse o homem de mil faces com um sorriso sarcástico no rosto

- Parece que eu vou ter que aceitar o seu acordo imundo, mas não ouse trapacear. Retrucou

Magnólia apertando-lhe a mão.

Um dia vinha após o outro,e os Bouganvilia estavam sendo procurados pelas autoridades e por pessoas que procuravam vingança,estavam sempre usando pseudônimos e identidades falsas por onde passavam. Eram como presas correndo dos caçadores,suas almas estavam cada vez mais corroídas,talvez pelos entorpecentes que utilizavam ou até mesmo por cansaço. Por fim,encontraram abrigo numa velha casa abandonada,ninguém os encontraria ali. Havia a companhia de alguns roedores e insetos que habitavam aquele local, não possuíam muitas coisas,apenas uma pequena televisão,e alguns móveis velhos e deteriorados.

O assoalho estava coberto de sobras de cigarros, garrafas vazias,frascos de comprimidos vazios,cartas de baralho e uma candela parcialmente acesa. Eles não se incomodavam muito com a sujeira,eram como se fossem uns dos ratos também. E após o ultimo tragar de nicotina,Lisandro disse:

- Não creio como pudemos sobreviver a tanto,e agora veja onde viemos parar? Somos como dois roedores se escondendo num esgoto fétido sob a cidade.

- Não faz mal,é a melhor coisa que já tivemos,talvez a pior,ora,não reclame por isto Retrucou Demetrio,com um certo tom de resignação.

- Nunca teremos rumos,estou certo que nos estamos nos nossos últimos dias. Disse Lisandro olhando para o vácuo.

- Talvez a única solução seja o juízo final. Respondeu Demetrio, dando um curto sorriso sarcástico.

Lisandro meneou a cabeça,com uma certa expressão de amargura e seu rosto e virou as costas para Demetrio.

De repente ouviram-se passos apressados e alguém havia rompido a porta bruscamente, era Magnólia,que finalmente havia acabado de encontrar aqueles que ela procurava.

- Finalmente,eu os capturei,este será o seu fim. Disse Magnólia com um olhar perverso,apontando o rifle para os Bouganvilia.

-Não,você não vencerá tão fácil assim. Disse Lisandro meneando a cabeça

Em seguida, o Homem de mil faces entrou pela porta rompida e ao sacar o revolver,ele disse com um tom irônico:

- Ora,ora,estamos todos aqui.

- Pra trás,pra trás. Sou eu que caço recompensas. Disse Magnólia tentando impedi-lo

- Parece que este é o limite para vocês Bouganvilias. Disse o homem de mil faces disparando um tiro contra Lisandro. Então Demétrio se lança na frente de Lisandro,sendo atingido no peito.

- Então é assim que é a morte? o assassino sempre cai no tumulo que ele estava preparando para outro,não é mesmo? Disse Demetrio com o corpo ensangüentado,sendo abraçado por Lisandro.

- Eu não queria que fosse assim,que você terminasse primeiro. Retorquiu Lisandro,com algumas lagrimas em seus olhos. Então bufando enfurecidamente, ele disparou vários tiros em direção ao homem de mil faces,mas ele parecia resistir as balas. Então ele foi andando lentamente em direção a Lisandro,quando foi atingido por um tiro disparado por Magnólia,caindo morto imediatamente.

-  Um traidor merece morrer como um traidor. Proferiu ela, chutando o corpo dele,caído ao chão.

- Leve-me,você conseguiu o que você queria,eu não me importo. Disse Lisandro para Magnólia,com um tom de renuncia. Então ela o algemou e o levou até o seu carro. Pouco antes de ligar o veiculo,ela olhou para Lisandro pelo retrovisor e lhe disse com clemência:

- Eu lamento pela perda do seu...do seu aliado.

Lisandro apenas fechou os olhos e apoiou a cabeça na janela,não disse uma palavra sequer. Eles percorreram quilômetros e quilômetros,até que enfim Magnólia pode entregar Lisandro as autoridades,ela lhes explicou que o outro havia sido morto por alguém que não estava em seus planos. Por entregar apenas um dos procurados,ela recebeu apenas metade da quantia que havia sido prometida,mas ela estava conformada,estava deixando tudo aquilo pra trás.















IV





Após passar por julgamento e ter confessado uma série de crimes,Lisandro foi condenado a trinta anos de prisão. Ele foi enviado a um presídio localizado interior do país,era como um sanatório,no meio do nada,longe de qualquer tipo de civilização,cercado por muros altos e prepotentes. Seria muito dificultoso escapar daquele lugar. Lisandro nunca havia estado em um lugar como aquele antes,no inicio sofreu um pouco com o incomodo de outros presidiários,mas ele conseguia se defender.Com o passar do tempo a sua alma se tornava mais seca,mais amarga,como as baratas que andavam pelo chão dos corredores durante a noite. Talvez pela ausência de nicotina ou apenas pela amargura daqueles dias. Ele era constantemente perturbado por fantasmas, e ouvia vozes em sua cabeça. Vozes velhas, vozes ingênuas,vozes de rancor,não o deixavam em paz um minuto sequer. Ele sentia uma parcela de culpa pela morte de Demetrio, não falava muitas palavras,passava a maior parte do tempo em silencio,com um olhar distante.

- Talvez seja o meu destino padecer nesse local. pensava ele,dividia a cela com outro presidiário,chamava-se Johan. Era um sujeito maçante e estava sempre lhe fazendo perguntas de todo o tipo,mas Lisandro nunca lhe dava atenção.

- Ei,você é bem esquisito pra um sujeito não acha. dizia Johan,ele era de todo certo,bastante ingênuo,estava preso por ser acusado por um crime cometido por outros,mas ele não se importava,almejava com o dia da sua liberdade.

Lisandro encontrava-se em plena desordem mental,era como se o purgatório tivesse chegado mais cedo. A única coisa que o tranqüilizava era a o luar,que atravessava as grades da janela mais alta. Ele sentava-se em sua cama fria,enquanto a luz da lua tocavam os seus olhos,era como um sedativo.

- Não há mais razão para viver ,seria melhor estar morto. Pensou ele,diante de tanto caos em seu mundo interior,planejava a sua morte.

Certa vez,ele entrou na cozinha da prisão sorrateiramente e pegou uma faca,então pediu para Johan golpeá-lo varias vezes enquanto estivesse dormindo,mas este não tinha coragem suficiente para tal crueldade. Lisandro teria que morrer sozinho.

Mais uma vez,ele entrou delicadamente na cozinha e pegou uma pequena corda que havia encontrado nos armários,tinha cerca de um metro e meio. Ele a escondeu sob o seu travesseiro,não queria que Johan desconfiasse que ele tentaria saborear a morte mais uma vez. Em meio a madrugada,Lisandro preparou um laço com a corda e a amarrou nas grades da janela superior,e enfim,ele morreu por enforcamento. Não haveria mais dor,não haveria mais fantasmas o perturbando,não teria que carregar o peso do mundo sob os seus ombros,ele sutilmente ele se foi. Ao acordar, Johan ficou horrorizado ao ver o cadáver pendurado perante ele. Ninguém imaginava que Lisandro pudesse terminar desta forma,morrendo por suas próprias mãos. A vida é um mistério,todos devem permanecer sozinhos,eu ouço alguém chamar o meu nome,e ai então,eu me sinto em casa. Afinal,o que o ser humano ingenuamente chama de morte?

Hamilton Guilherme

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Quatro de Abril




Eu não sou eu mesmo

Quando estás aqui

Eu não sou eu mesmo

Quando tu me odeias

Eu não sou eu mesmo

E não sei o porquê



E Eu me perco

Em teus olhos

Em teu aroma de nicotina

Eu te verei em meus sonhos

A cada velha noite urbana

Eu sou apenas quase nada

Meu suspiro por ti

Perdura

Ainda


Hamilton Guilherme

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Canção Noturna





Mil novecentas horas

E um carro velho

A correr pelos ventos

Nenhum farol por perto



Eu estive fugindo

Pela extensa via

Pessoas vão

Pessoas vem

Como a chuva

Isto seria



Cem horas, sem horas

Procurando perfeição

Aguardando evolução

Estou de volta aos meus ossos



Mil novecentas luzes

E um coelho de esporas

Perdido na terra dos ventos

Leve-me embora


Hamilton Guilherme

domingo, 7 de abril de 2013

Manchas Vermelhas







I



“Eu carrego olhos fechados

E arcanjos pesados;

Com ombros quebrados”



Sangue pode ser doce como porcelana antiga, sangue pode ser veloz como cavalos num hipódromo,sangue pode ser agradável como uma fogueira em meio a neve exalando cheio de madeira viva queimando. Demônios gritam do lado de fora enquanto uma mente está latejando, é tempo de acordar a feiticeira do deserto. Pouco antes do nascer do sol,sob um céu nublado,descendo uma longa estrada,cansado de andar quilômetros,havia um estranho. Chamava-se Aramis Aramitz, vestia um capuz cinzento que cobria toda a sua cabeça,e escondia suas mãos nos bolsos da frente. Não carregava consigo muitos objetos,tinha um maço de cigarros e um isqueiro no bolso de trás,e uma bala de prata pendurada no pescoço,ele a usava como amuleto. Portava um olhar leve e sonolento,cabelos negros e um meio sorriso sarcástico em seu rosto. Os lobos uivavam pelas colinas, cobertas por uma neblina branca. De onde ele vinha,não se sabia,nada se sabia ao seu respeito,talvez ele ostentasse muitos segredos,segredos a serem ocultados.

  Aramis pedia carona para cada veículo que passava, mas nada conseguia, até que enfim um velho carro parou. O motorista do carro parou e logo convidou Aramis a entrar,chamava-se Alborno,como um viajante sem rumo,tinha cabelos ruivos e um pouco de barba,tinha um olhar espontâneo,como alguém que vive a vida como se houvesse nada além da estrada e do sol de pondo no horizonte.



- Você parece cansado,para onde está indo? Perguntou Alborno para Aramis,como cumprimento

- Estava indo para qualquer lugar,estava tentando me tornar invisível. Respondeu Aramis,com um olhar parado.



Em seguida,Aramis entrou no carro,e seguiu junto para a cidade local,onde Alborno mantinha uma banda,e eles iriam tocar numa casa noturna. Alborno acolheu Aramis em sua casa. Era um modesto casebre, um tanto bagunçado, ele morava com alguns amigos,que também eram integrantes da sua banda. Alborno lhe perguntou sobre de onde ele vinha, mas nada conseguiu,Aramis era como um oceano escuro. E então já fadigado de fazer perguntas sem ter respostas, Alborno convidou Aramis para ver a apresentação que aconteceria naquela noite. Constantino, um dos amigos de Alborno, não gosta da presença de Aramis, ele não lhe parecia muito confiável. Era um sujeito mesquinho e orgulhoso.



-Quem seria esse vermezinho que você trouxe pra cá? sabe-se lá de onde ele veio. Sussurro Constantino, sentindo desdém por Aramis.



- Sossegue,ele não fará mal a um mosca sequer. Retrucou Alborno,rapidamente.



Em seguida,todos se organizam e se preparam para a apresentação naquela noite presente,a lua estava cheia,não haviam muitas nuvens,o fluxo deve continuar.





II



“Noite de frias horas;

Traga-me de volta,depressa

Ao homicida que me apossa”



Então a noite veio,e com ela toda a sua atmosfera inebriante. Estava então Aramis, no meio de uma pequena multidão,prestigiando a banda de Alborno. Era um lugar um tanto apertado,iluminação extravagante,pessoas jovens,bonitas. Era envolvido pelo aroma de tabaco,formando uma leve bruma. Aramis fumava vagarosamente, os cigarros de menta que havia pego de Alborno,sem ele perceber. Ao fim da apresentação, A banda estava indo para uma festa na casa de Alborno, Constantino chama Aramis e o convida:



- Estamos indo para uma pequena festa,você vem ou não? Perguntou Constantino, olhando Aramis dos pés a cabeça. Ele não disse uma palavra sequer,apenas foi junto.



Haviam poucas pessoas na casa de Alborno,a música estava alta,pessoas jovens,selvagens,desvairadas. Algumas embriagadas, algumas entorpecidas, outras um tanto promiscuas. Estavam vivendo a loucura das suas vidas. Havia uma voz dentro de Aramis,uma voz ecoando em sua mente.



- Mate todos eles, mate todos eles... Era o que a voz lhe dizia.



Ao obedecer a voz,Aramis vai até a cozinha e pega a maior e mais afiada faca que encontra,e caminha sorrateiramente em busca de Constantino,ele estava fumando no quintal. Não gostava muito daquela agitação. Aramis foi caminhando,como um felino esguio. Constantino é surpreendido por ele,e novamente com desdém ele lhe fala:



- Afinal,o que você quer? O Alburno está lá dentro,vá falar com ele.



Então sem hesitar,Aramis saltou sobre ele e lhe deu muitos golpes com a faça,por todo o corpo.



- Quem é o vermezinho agora? Dizia Aramis rosnando enraivecido, enquanto assassinava Constantino.



- O primeiro caiu por terra, agora eu quero mais,eu preciso de mais.

Dizia a voz dentro de Aramis, ele estava com as roupas ensangüentadas, sua respiração estava pesada,ofegante. Em seguida,ele entra pela sala,coberto de sangue e assusta a todos. Rapidamente ele tranca as portas e rodeia aqueles que lá estão,com os olhos selvagens,e um sorriso amedrontador,como um predador prestes a atacar a sua presa.



- Este é o ultimo suspiro de vocês,me perdoem. Disse Aramis,antes de iniciar a matança.

Ele matou a todos,um a um,com suas próprias mãos,ele sentia o sabor da morte pelas suas próprias papilas gustativas. Em seguida ele bebeu do sangue de alguns que estavam ali mortos,era um demônio faminto por almas. Ele vestiu roupas limpas que eram de Alborno, dessa vez uma camisa xadrez vermelha,e após isto banhou toda a casa com liquido combustível,e ateou fogo. Foi embora, caminhando rua abaixo, como se nada tivesse acontecido.



III



“Fugindo sem rumo

parcial,taciturno

gaiola de meu próprio mundo”



Aramis foi vagando pelas cidades,de cidade em cidade,até caminhar pelos becos e fazer amizade com uma dupla de mulheres criminosas,Elas se chamavam Isabela e Anastácia,eram astutas e gananciosas. Logo integraram Aramis ao seu grupo,estava formada uma quadrilha.



- O garoto é um bobo,vamos fazer bom proveito dele. Murmurou Anastácia para Isabela.



- Nós iremos assaltar e deixe que ele assassine as vitimas. Respondeu Isabela, e ambas deram risadas, discretamente.



Isabel e Anastácia ensinaram a Aramis como manusear armas de fogo, e também alguns truques,algumas trapaças,coisas que os bandidos mais astutos tem conhecimento. Estavam dispostas a integrá-lo ao mundo do crime,ele estava aprendendo a atirar. E dessa forma,eles seguiram em frente,assaltavam casas de classe média e pequenas lojas. Cidade por cidade,eles eram considerados como procurados,a policia sabia os nomes de Isabela e Anastácia,os jornais se referiam a Aramis como individuo não identificado,ele parecia não deixar rastros. Até que um dia,durante o assalto a uma loja de conveniências,algo dá errado e a policia está lá fora,com armas apontadas.



- Saiam com as mãos ao alto. Exclamava a polícia do lado de fora



- Estamos cercadas, onde está Aramis? Exclamou Anastácia, desesperada.



- Aquele pequeno bastardo. Exclamou Isabela, frustrada.



Sem escolha ,as duas saíram com mãos ao alto e foram algemadas,Aramis tentou fugir pela porta dos fundos,mas foi surpreendido pela policia que logo o capturou. Parece que a sua curta estada no mundo do crime havia acabado. Sem muitas palavras,os recém-capturados entraram no carro da policia e foram levados para a delegacia,onde prestaram depoimentos a respeito do assalto a loja de conveniência. Eles haviam sido capturados pela sua própria armadilha,o destino.







IV



“Na lua de sangue

É onde eu tenho estado

Afinal,quem é o mestre?

Quem é o escravo?”



De acordo com as suas sentenças, Isabela e Anastácia foram enviadas para um presídio feminino. E Aramis, visto que ele era um psicopata,foi levado para um hospital de custodia. A voz em sua mente era a sua única companhia. Ele não quase via a luz do sol,usava camisa de força a maior parte do tempo e dormia preso por correntes. Não olhava ninguém nos olhos,vivia de cabeça baixa. Ele estranhamente, havia esquecido de toda a sua vida,não lembrava de mais nada,nada além do seu primeiro nome. Vivia com frio e se sentia como uma pessoa de noventa anos,seu comportamento havia mudado drasticamente,talvez fosse pelos fortes medicamentos que tomava varias vezes ao dia. Ao vir o enfermeiro,Aramis olhava para ele e perguntava vagarosamente:



- Quem sou eu? onde eu estou? para onde eu vou quando estou só?



- Você está desacordado, durma um pouco. Dizia o enfermeiro, meneando a cabeça.



A voz na sua cabeça ainda falava com ele,o perturbava,e ele conversava com ela,alguns enfermeiros ficavam assustados ao vê-lo falando sozinho,como se houvesse uma pessoa ao seu lado. Dessa forma,Aramis foi vivendo até ter um ataque cardíaco enquanto dormia,era o fim da sua trajetória . Nos corremos sem rumo, ao redor do mundo,onde alguns são vilões,outros são heróis,e outros são apenas hipócritas. Afinal,seria tudo isso fruto da imaginação de um lunático?







Hamilton Guilherme