quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Autorama









Com licença
Mas eu tenho que voar
E exterminar
Este profundo zero
Libertar-me

Os carrascos se divertiram
Com a minha tortura
Os psiquiatras se esgotaram
Com a minha loucura
As calculadoras morreram
De convulsão
Os oráculos se fartaram
Da minha agrura

Desintegrar
É Regenerar
Retroceder
E reprogramar

Eu serei uma supernova
Antes que o escuro me atinja
Eu jogo fora
toda a minha mobília
chaves velhas e lâmpadas quebradas
qualquer coisa que me aflija



Hamilton Guilherme

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Terra Nova



No túnel sem fim
Pela milésima vez
Vermelho e azul
E um chapéu falso

A primeira estrela aparece
Faça um desejo
Talvez eu seja um dragão
Em uma caixa
Vestido sem os meus antibióticos
Apegando-me ao desapego

No túnel sem fim
Fora de tempo e espaço
Esquecendo tudo o que alguém falou
No túnel sem fim
Uma bactéria recém podada
Olho ao redor
O despertar ainda não despertou

No túnel sem fim
Cada pequeno passo
Tem sido imenso
É um caminho a ser seguido
Somente por mim
Longamente escuro
Claramente denso

Hamilton Guilherme

domingo, 26 de agosto de 2012

Esmagador de Crânios: Inferno


Pisoteando os crânios dos ceifadores
Minha sombra morreu em um dos meus delírios
A brisa de uma noite se foi para o norte da lua
E deixou este corpo nu e áspero para trás

Fraco, senti-me longe dos imundos
O Diabo prometeu levar consigo minha cabeça
Eu que matei tantas bestas
Eu que matei tantos anjos
Vivo escondido em meus cabelos


Morte no Inferno
A besta faz seu ritual em volta das chamas
Mundo coberto de corvos
A besta faz seu ritual em volta das chamas

Hoje sendo esmagado pela dor.


Já está amanhecendo no Inferno
E os Carnívoros saem das tocas
Que sorte, falo ao outro condenado
Que sangra, com as mãos amarradas
Como um ato de desespero, sorri.
E diz que eu ainda não vi nada

Lembro-me de uma pequena esperança
Que guardo em meu cérebro
Sei que há uma escapatória
Para sair desse buraco chamam de inferno

Morte no Inferno
A besta faz seu ritual em volta das chamas
Mundo coberto de corvos
A besta faz seu ritual em volta das chamas



Alan Lacerda

Filho de Morfeu









Eu acredito na escuridão
E em toda a sua clareza
Eu tenho fobia de prédios
E de glóbulos brancos
Eu acredito na fragilidade
Da minha fraqueza

Hoje é a noite das bruxas
Eu abraço humanos extraterrestres
Vindos do universo oposto
Luzes escuras
De açúcar bruto
Eu não ficarei necroso
Nunca mais

Como Formigas vermelhas
no açúcar castanho
como saúvas voando
numa chuva de outono
As cinzas foram espalhadas
Olhe em volta

Transformando íncubos em pedra
eu me cubro de ferrugem
eu posso ver sem os olhos
Por que o tumor foi coberto
coberto por nuvens

Hamilton Guilherme

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Viagem a Marte


Indo para Marte
Em busca de vida
Em busca dos jardins perdidos
Caminhando em uma cidade distante
Onde cantam os pássaros do paraíso

Sob os portões de prata e ouro
Onde o meu velho amigo mora
Onde a noite se cala
E nada realmente importa

as borboletas de ferro
Voam suavemente
a felicidade é triste
Como um aborto espontâneo
Onde a areia movediça
É instável o suficiente

Eu terei um novo nome
E abraçarei o sol
O meu suor é escaldante
Irei ver a luz do farol

Como o fogo precisa de uma guerra
E o ar precisa de um tornado
A mais hostil escuridão
Nunca me pareceu tão fraterna
Eu sou uma quimera
Buscando ar petrificado
Como um anjo mortífero
Tentando voar
Como um titã caminhando
Em solo quebrável

Indo para Marte
Em busca de vida
Eu sou um malévolo ventríloquo
Em um mundo alternativo
Onde nada adiantaria


Hamilton Guilherme

domingo, 19 de agosto de 2012

Samsara: Desvanescer








Algumas pessoas choram
E você paralisa
É preciso recuar
Para admirar a pintura
Te ensinam a temer
Antes mesmo de tentar

O sol é o mesmo
E brilha para todos
Abandonei os meus heróis
As pessoas vêm e vão
Assim como a chuva
O sol é o mesmo
E brilha para todos

não importa se é seu
é verdadeiro

Algumas pessoas desaparecem
Sem deixar rastros
Suas faces quebradas
Pelos seus cérebros exaustos

Nós poderíamos começar a ceder
Nós poderiam fazer um acordo

Dez mil horas longe de casa
e eu me lamentava por envelhecer
a ilusão morre por si só
ou ela torna a ascender


Hamilton Guilherme

sábado, 18 de agosto de 2012

Samsara: Sofrer




As pessoas sentem solidão
Mas não vêem ao seu redor
Constroem paredes a sua volta
Enxergam somente
o seu próprio altar-mor
                   
Todos eles são seivas por um dia
Insistem em escalar muros
Na superfície não há som
Eles ainda não sabem tudo

Eu pensava estar ferido
Mas estava ferindo
Pensava estar derrubando
Mas estava caindo
                     
O ontem nunca vai
O amanhã nunca vem
Ao encontro da lua negra
Onde as violetas exalam perfume
Um sol vai, outro sol vem

Lágrimas de orvalho
Caem sobre a janela
O sol vem de qualquer lugar
Sob a luz do meu travesseiro
O meu cérebro dispersa

Hamilton Guilherme

Samsara: Nascer



Algumas pessoas são portais
Outras, feridas por dentro
Algumas são anti-sociais
Outras,correndo e correndo

Algumas pessoas estão cegas
Outras estão à venda
Algumas são ingênuas
Outras, nunca satisfeitas

Eu não quero estar sujo
Eu nunca estive limpo
Nunca fui ao topo do mundo
Nunca estive no limbo

Por querer ou não querer
O Samsara sempre gira
Aqueles que chamei de amigos
Tão friamente me rejeitaram
E eu vivo uma mentira

Desatando aliados
E atando inimigos
Assim se vai
Nesta viagem solitária
Ninguém sabe o que você faz
E assim segue em frente

Hamilton Guilherme

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Cômodos


Meio dia
Chuva fina
Tranquilamente nublado
Equinócio cinza

Bons sonhos
Apague a luz
Ossos de cera
Botões de ferro
De luto
Não desperte
Desligue os televisores
Não desligue
O mundo

Hamilton Guilherme

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Embrião



 
Eu sou
Quebradiço
Ingênuo desde a pedra
Protegido por uma casca
Minha alma é pura
Mas a minha voz é incompleta

Eu sou
A mudança
Nas copas das árvores
E a monocromia
Das lareiras em pares
Eu sou o arcano zero
A espera de um ás de copas
Emborcado
Dividido em partes

Eu sou
A espera
De uma recompensa
Nada em mim
Vem por inteiro
Sou tão prematuro
Quando os botões
De ouro velho
Quantos os recém-nascidos
No ano mais lento

Hamilton Guilherme

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Penumbra


De onde surgiu está névoa
Que causou obscuridade em meu cérebro
Cortou por dentro dos meus pensamentos
E atirou a queima roupa em meus sonhos
Uma máscara de cílios
Um mar de bruma.
Um caos que me assusta

Ela emite um brilho sombrio
A passagem a minha volta é fria
Tudo e todos se congelam
Formando jardins de pedra

O dia é torturante
A fuga da minha alma
Ao teu encontro é esmagadora
Um dia penso em deixa-la de lado
Mas meu sorriso não deixa de ser largo
Quieto, discreto, parado.

Nada é suficiente
O meu observar deve ser loucura
E nas montanhas onde se escondem as sombras
Eu vago em direção ao teu sofrer, e sofro.
Por mais que seja maldita a névoa sobre meus pés
Eu Penumbro o teu lado facial
Escondido.

Alan Lacerda

domingo, 12 de agosto de 2012

Delírio Onírico








Jardins suspensos
Ao sabor do vento
Existe um monstro no meu guarda-roupa

Cabos desconectados
Ninguém em casa
Meus olhos giram em espiral
As árvores falam os seus segredos

Abraçado por um sonho sem retorno
Permanente desde o último segundo
Tornando-me quase um paranormal
Anestesiando os meus medos

Alguém me pegou
Parado no tempo
No imaginário entre as ruas e encruzilhadas
Entorpecido como formigas no açúcar
Onde as estradas acabam
Ou foram devoradas

Tudo vai ficar bem
Era o que dizia o velho eu
Ele tinha uma memória ruim
Dentre este banquete
De amor e ódio
Nós comemos carne viva
Desde o inicio
E tudo corre assim

Hamilton Guilherme

sábado, 11 de agosto de 2012

Estou triste pelo meu amigo







Estou triste pelo meu amigo
E pelo meu último oceano
Os semáforos perderam a sua direção
Desesperança ganhou carne e osso

E a utopia é maior que os mil oceanos
É um inseto pesado com asas curtas
Muito além de nossas peles castanhas
Diante das nuvens passando,tudo muda

Estou triste pelo meu amigo
Os sanatórios entraram em greve
Eles partilham a ilusão da ilusão
Para quem eles servem

Todos morreram de hipocondria
E foram enterrados vivos
Esqueceram da sua pílula concepcional
Com dentes quebrados
Presenteando os Desiludidos

Em volta das faíscas
Aqueço os meus pulmões
Até eles ficarem gélidos
E eu estou triste pelo meu ultimo amigo
Pobre garoto desapontado
Pequeno menino perdido

Hamilton Guilherme

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Vista da Janela



Lágrimas de mil anjos caem
Sobre nossas cabeças
Talvez alguém viu a ruína delas hoje

[pobres bússolas quebradas]...
...[Para onde estão indo agora]

Cavalgando em um buraco negro
Com meu cavalo lunissolar
Eles anunciaram o cio da terra
Está nevando na Laurásia mais uma vez

Sonhos Lúcidos
Tão bonitos ao nascerem
Silfos de holograma
Vãs utopias
Quando crescer serei a minha
Própria ópera
Ou o imperador da China

Devagar as horas passam
Um tênue sussurrar
Ecoa sobre o crepúsculo...

Hamilton Guilherme

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Mundo de Vidro



Lágrimas escorrem pela face daqueles estranhos,
Eles não quiseram ver a morte do teu último equilibristra,
Fantasias degeneradas caem por todos os lados.

Estou tão arfante, não tenho como explicar,
Porque está tudo tão diferente,
Apenas mais alguns segundos são necessários,
Para enxergar as sombras que passam de repente.

Todos correm tão depressa,
Até por cima daqueles que caíram,
Para onde eles vão?
Para onde estao indo?

Esperem-me,
Eu também vou ao paraíso,
Dos pássaros Negros,
Visitar aquelas sombras
Do desespero.

Esperem-me,
Vejo-me diante do meu caixão,
Não chores diante de minha alma,
De você não recebo mais do que lágrimas.

Hamilton Guilherme e Alan Lacerda

domingo, 5 de agosto de 2012

Terminal das Almas






A vida na terra corre
Como um terminal das almas
Anciões chegando do morrer
Embriões indo para o nascer

E o nascer
é um jogo empírico
Invisíveis são os adversários
O destemor
Não teme os riscos

E os anciões chegam do morrer
Cansados de tanto viver
Atiram-se do limite do universo
Para então de novo nascer

Hamilton Guilherme

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Solitude



Solitário,ele morre
Mil cavalos sobre sua alma, a cavalgar
Nenhuma sombra após a morte
Não há elos para embaraçar

Arlequins extasiados
Pelo onírico absinto
Tantos sorrisos falsos
Dentre as terminações nervosas
Gárgulas em seu caminho
Tropeçam em seus passos

Estava caindo do ultimo andar
Da via-láctea
Sentia o peso das asas de cera
Desintegrando a sua bráctea
Que aos poucos perecera

Hamilton Guilherme