quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Prisão Militar


Liberta-me,
Levanta-me
E retira-me
As algemas,
Dos punhos
Enferrujados,
Do meu peito
Encadeado,
Desata-me,
Desnuda-me,
Das correntes
Em que fiquei
Aprisionado,
Desperte-me,
Resgate-me,
Da prisão militar,
Da mordaça
Que me cala,
Da coleira
No pescoço,
Das grades
Da gaiola,
Sou pássaro,
Dá-me sopro,
Faz-me voar.

Hamilton Guilherme

Vou Voltar Andando

O que posso dizer sobre,
Aqueles dias que eu quis,
Quis amar como um tolo,
E Estar falando de outros
Dias que eu não alcancei,
De ilusões que eu montei,
E mentiras que eu contei,
Eu creio já ter o bastante
Penso estar cheio demais,
Eu já dei o primeiro passo,
Eu não quero voltar atrás.
O que posso dizer sobre,
Quando eu fui embora,
Estou me repaginando,
E tentando entender,
Quem de fato eu sou
Ou quem eu queria ser,
Meus amigos são bobos,
E meu tempo é pouco
Para o que quero dizer.

Estradas sempre me levam
Para o lugar onde eu estava,
Mas hoje eu volto andando,
Não tenho hora marcada.

Hamilton Guilherme

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Utopia



Você acredita
Em moça do tempo?
Você já notou
São Jorge na lua?
Você já tentou
Viver sem algemas?
Você já tentou
Dançar sem música?

Você acredita
Em filmes de luta?
Já se perdeu no
Mar das bermudas?
Já teve medo
De montanha-russa?
Você já pensou
Que um dia, tudo muda?


Você acredita
Em homem do espaço?
Você tem receio
De cidade fantasma?
Você acredita
Na minha utopia?
Você confia
Nisso e mais nada?


Vem de carona,
Traz a poltrona,
Estou te esperando,
Na terra do nunca;
Estou bem no topo,
Da roda-gigante,
Estou te esperando,
Atrás das brumas.

Hamilton Guilherme

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Fantasia


Raios morenos,
Lábios de mel,
Tocam a rosa
Flor buganvília;
Trazendo calor,
Pra nossas vidas,
A cada esquina,
A beleza brilha.

Num escaler,
Eu Quis viajar,
Naquele eólico
Oceano aberto;
Tocar a onda,
Vir à tona,
E mergulhar
No universo.

Esperança pousa
Em minha janela,
Anum-preto voa
E pousa na relva;
Não quero mais
Prisões e martírio,
Aqui no meu peito
Chegou primavera.

Hamilton Guilherme

Quando Você Chegar





Quando você chegar,
Eu vou estar
Na sala
De jantar,
Ou na sala
De estar;
Eu quero estar
Em qualquer lugar,
Te esperando.

Pra jogar
Conversa fora,
Ou jogar
Jogos de azar,
Pra mostrar
Meus versos bobos,
Pra falar
De amigos chatos,
Para rimar
Meus versos soltos.

Quando você chegar
Irá me encontrar
Bebendo vinho;
Quando você chegar
Eu vou estar
Chorando baixinho,
Virado ao avesso,
Falado sozinho.


Quando você chegar
Vai me encontrar
Risonho,
Ou quem sabe
Tristonho,
Procurando
Algum lugar;
Porque quando
Você chegar
Quero estar
Contigo.


Hamilton Guilherme

Cartão-Postal

Guardei pra você
A última fatia,
De calmaria,
Ou de alegria;
Guardei pra você
A sobremesa,
Coisas bobas
Daquele dia.

Guardei poesia,
Canções de mim,
De Santo Antonio,
E  São Valentim;
Guardei monstros,
Também querubins,
Guardei os discos,
Que costumava ouvir.

Então me envie
Um cartão-postal,
De onde estiver,
Como quiser;
Eu não entendo
Esta fina dor,
Então você pense
O que quiser.

Hamilton Guilherme

domingo, 6 de julho de 2014

Supernova


Vem e segura,
A minha mão,
Nós vamos voar,
Pra bem longe,
Voar pra onde,
Nada se esconde;
Ver coisas lindas,
Mundos secretos,
Voar por dentro,
Do cosmo aéreo.


Vem cavalgar
No cometa,
Vamos virar
Constelação,
Supernovas,
Pela imensidão;
Vou te libertar
Da tua solidão,
Vem passear
Nesta emoção.



Hamilton Guilherme

O Beijo da Manhã





Dia domingo,
Samba-canção,
Bossa nova,
Tropicalismo;
O meu amor,
Aqui comigo,
Nada mais
Eu preciso.

No Aconchego,
Do teu abraço,
Eu sinto paz,
E sou amado;
Branco suspiro,
Laranja-cravo,
Um bom café,
Eu, ao teu lado.

Nossas cabeças,
Flores de renda,
Frescor hortelã
Sabor de maçã;
Jardins a crescer,
Meu bem querer,
Veio me trazer,
O beijo da manhã.


Hamilton Guilherme

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Sereia


Oh, Serena,
Grácil sereia,
Gracioso é
Teu serenar;
Sou menino,
Filho de pescador,
Sou sonhador,
Não sei rezar.

Teus cabelos,
Mar ondulado,
Tua cantiga
A me embalar,
A enovelar,
Meus sonhos
Infantes;
Oh, princesa,
Netuniana,
Me leva contigo,
Para o reino
De Atlântis.

Oh, Serena,
Branda sirena,
Vem até mim,
Sob lua cheia,
Vem afagar
O meu rosto,
Encantadora
Dama faceira.

Hamilton Guilherme

Luar

Nos encontramos,
Na escuridão,
Eu me encantei,
Com o teu olhar;
Todas as coisas,
Ao nosso redor,
O mundo todo,
Estava a flutuar.


Pra mim, vieste,
Como a aurora,
Da terra norte,
Como a loura,
Coroa de louros;
Anoitecemos,
Naquele porto,
Já não queres
Nenhum outro.


Nos deitamos,
Sob aquela noite,
Estrelas caíam,
Uma por uma;
Eu te envolvi,
Em meus braços,
Dois corações,
Sob a luz da lua.

Hamilton Guilherme

Oásis

Tua mão direita
Sob minha nuca,
E tua direita
Abraça-me;
És a flor de Saron,
Eu, o lírio dos vales.

Leve-me ao teu
Jardim secreto,
Teu calor
É tão tenro,
Teus lábios
São veneno;
Teu antro,
Meu templo.

Espero em ti
Sabor de tâmaras,
Espera em mim
A mais pura vinha,
Teu fruto é doce
Ao meu paladar,
Meu cálice
Transborda.


Teu amor
Para mim
É mais precioso
Que o amor
Das rosas;
Oh tu,
Que habitas
Nos jardins,
Faz-me ouvir
A tua voz.


Hamilton Guilherme

Olhos de Lobo



Tira essa venda
Que cobre
Teus olhos,
E afunda
Em meus olhos;
Olhos de lobo.

Tuas palavras
Me devoram,
Palavras nuas,
Palavras retas;
Teu coração
Inconstante,
Me persegue
Pela floresta.

E pela floresta
Noite adentro,
Ouço o teu
Feroz uivar;
És a mais
Solitária fera,
Que ninguém
Pode domar.


Oh, olhos de lobo,
Por ti, eu caí,
Por teu olhar
Fui raptado;
Em teu luar
Traiçoeiro,
Fui domado,
Capturado.

Hamilton Guilherme

Nudez

Eu vejo
Teu corpo
Delgado,
Dourado,
Deitado;
Pelo teu
Feitiço,
Fiquei
Cercado.

Vejo-me
Despido,
Confuso,
Envolvido;
Em ti
Respiro,
Conheço
Volúpias,
Prazeres
Proibidos.


Entrego-me
Plenamente,
Em transe
Eu estou;
És o meu
Santuário,
E eu, Silvano,
Teu venerador.

Hamilton Guilherme

Licor



Teu corpo
É o prado,
No qual
Eu me deito
Todas as noites;
Meu incêndio
Te envolve,
Tuas mãos
Tão brandas
acariciam
Meu horizonte.


Sou o poente
Que se põe
Sobre ti,
Sou o suspiro
Ofegante
Quando estás
Sob mim,
Teu corpo
Se envolve
Junto ao meu,
Nada mais
A dizer,
Sou flama,
Sou teu.

Hamilton Guilherme

Vermelho




Beija-me,
Minha sangria,
Com a ternura
Do Teu amor;
Beija-me
Cornucópia,
Com a lascívia
Do teu ardor.

Beija-me
Arcanjo,
Com o pecado
Que almejo,
Beija-me
Roseira,
Com o encanto
Que anseio.

Beija-me
Papoula,
Com romance
Verdadeiro,
Beija-me
Intensamente,
Como se fosse
Nosso primeiro.

Hamilton Guilherme

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Agridoce

Dói a flecha,
E a pena,
Cravadas
Em mim;
Dói o pranto
E a alegria,
A ascensão,
E o falir.


Dói a mácula
E a agonia,
Dói o ódio
Compassivo;
Dói o afeto
Enfurecido,
Dói a mágoa
E o sorriso.


Alma canta,
Espírito sangra,
Corpo inflama,
Mais uma vez;
Despidos do fel,
Cobertos de luz,
É pura agridoce
Esta bela aridez.

Hamilton Guilherme

terça-feira, 1 de julho de 2014

O amor está nas ruas



O amor está nas ruas,
Eu o vi, bem depressa,
Uma luz morna enche
O meu frágil coração.

Eu o vi, de manhã cedo,
Com minha roupa favorita,
Exalando como perfume,
Cheiro de moça,menina.

O vi,alegre,brincando
Ao laranja entardecer,
Era belo, como jasmim,
Na primavera, a florescer.

O amor está nas ruas,
Eu o vi,em meio a ciranda,
Me traz aquela bonança,
De quando eu era criança.

Hamilton Guilherme

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Prólogo




Procuro um par
Para agradar,
Para eu dizer
Coisas bonitas;
Para entender
Meu pensamento,
Pra me abraçar
Em noites frias.

Procuro um lugar
Pra me hospedar,
Sem que me sinta
Um não convidado;
Sem que eu pareça
Um abandonado,
Sem que eu seja
Deixado de lado.

Procuro uma era
Pra me enquadrar,
E poder viver
Sem me esconder;
Para encontrar
Minha própria voz,
Pra não escutar
O que vão dizer.

Tentei pensar
Em soluções,
Para problemas
E confusões;
Quem dera poder,
Poder mudar tudo,
Ou deixar tudo
Para depois.

Hamilton Guilherme

sábado, 22 de março de 2014

Fênix



Oh, ave fênix,
Que demuda
Fogo e cinza,
Cura cada
Ferida minha;
Toda mágoa
Que aqui exalo,
Toda dor
Que despetalo;
Por que fiquei
Cheio de calos.

Oh, grande fênix,
Que emana
Luz divina,
Sana toda
Úlcera minha;
Toda doença
Que carrego,
Toda cadeia
Que me segrego;
Por que fiquei
Seco e estéril.

Minha pele
Em chagas,
Meu corpo
Em chamas,
Meu espírito
Te chama;
Oh,fênix
Cura-me.

Hamilton Guilherme