segunda-feira, 15 de julho de 2013

A casa de muitas portas




I - Porta de Entrada

Futuro distante
Celebraremos;
Somos ingênuos
Por um momento;
Um largo cálice
De breve desgaste;
Por um momento
Desatento

II – Porta Escura

Pequeno desejo
Tolo, inocente;
Foge por entre
Ruas e estradas
Vive por entre
Valetes e espadas
Esconde-se dentro
De mentes caladas



III – Porta Larga

Vim ver os lobos
E a canção dos loucos
Cantando, sem medo;
Ao redor do fogo
Esquecendo
O morrer;
Esquecendo
O viver;
Revivendo
Pouco a pouco

IV  – Porta para um quartinho qualquer

Sem hora pra viver
Sem hora pra acordar
Sonhos aturdidos;
A me embalar
Ainda me lembro
Dos céus rosados
Que me faziam chorar

V – Porta Voraz

Indo embora
Para outra hora;
Não há mais
O que fazer aqui
Anos em branco
Deixados pra trás;
Leve-me embora
Quando a noite cair


VI- Porta de Emergência

Saia por esta
Não entre jamais
Mude os canais
Rasgue os jornais
Perdoe, sem mais
É tarde demais



VII – Porta de Saída

Vou-me depressa
Em boa hora
Numa chuva breve
No mês de outubro;
Trilhos nos levam
Caminhos se cruzam;
Chegando a cidade
Chegando a idade

Hamilton Guilherme

Nenhum comentário:

Postar um comentário